Na edição desta semana, O MIRANTE escolhe para título da chamada de capa “Valamatos salva antigo mercado de Abrantes”. Este título não reflecte a verdade dos factos. Valamatos (actual presidente da Câmara Municipal de Abrantes) foi o “juiz-adjunto” que, com Maria do Céu Albuquerque, sentenciou o antigo mercado à demolição. Está inscrito no PUA com força de lei, assim como registado em actas do município e em diversos artigos de imprensa que confirmam a co-responsabilidade do actual edil.
Foi também Valamatos quem, já como presidente da câmara e depois da criação do grupo dos Amigos do Mercado de Abrantes, afirmou que “Eu não sou nem a favor nem contra a demolição”, o que já representava um primeiro recuo na intenção de demolir o antigo mercado, face à pressão da opinião pública. Em Julho de 2019, com a “manifestação das flores”, Valamatos rendeu-se à vontade dos cidadãos e começou a falar num “multiusos”, sem esclarecer do que se tratava.
Agora, Valamatos fala num “multiusos” com cinemas e garagens para carros, mas não quer o regresso do mercado diário ao edifício histórico (no que é acompanhado pelo vereador do PSD). O mercado diário de frescos regressará mesmo ao antigo edifício, se não com esta maioria autárquica, certamente com outras forças políticas que os eleitores escolherão em 2021.
Acontece, também, que o título acima referido não corresponde ao conteúdo da notícia na pág. 2. Aqui já se reconhece que foram os cidadãos quem impediram a demolição do antigo mercado. Mas volta a perder-se o rigor ao dizer-se que o antigo mercado “está desactivado desde Março de 2010”. De facto, ele manteve-se como “Mercado Criativo” até finais de 2016, aí se realizando anualmente a Feira da Doçaria. Nunca foi explicado porque deixou de ser e se optou pela demolição, com o voto favorável de Valamatos.
José Rafael Nascimento - Grupo Informal Amigos do Mercado de Abrantes