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Uma visita a Tomar à boleia do tuk tuk da Catarina e do Luís
Luís e Catarina dizem que ainda há muito a fazer para promover a cidade de Tomar e os seus ex-libris

Uma visita a Tomar à boleia do tuk tuk da Catarina e do Luís

Luís Campos e Catarina Vargas são dois espíritos livres que ganham a vida a conduzir turistas, de tuk tuk, pelos principais monumentos de Tomar. A “Tuk Lovers” é uma marca turística de referência que tem como missão difundir a beleza e a história de Tomar nos quatro cantos do mundo. O MIRANTE foi à boleia dos empresários conhecer parte do património de uma cidade que, garantem, é das mais bonitas do mundo.

Andar de tuk tuk em Tomar é, mais do que lazer ou divertimento, uma aula de história sobre uma cidade que tem património cultural para dar e vender. Foi partindo deste princípio que Luís Campos, 45 anos, e Catarina Vargas, 38, fundaram, há cerca de sete anos, a “Tuk Lovers”, a terceira empresa do país a utilizar triciclos motorizados como meio de transporte para turistas.
A ideia, dizem, assentou que nem uma luva numa cidade que é conservadora por natureza e onde ainda há muito a fazer em termos de promoção dos seus ex-libris. Em pouco mais de um ano compraram mais dois veículos e, recentemente, adquiriram uma viatura eléctrica que transporta até seis pessoas. As viagens variam no tempo e no preço: podem demorar 15 minutos ou uma manhã inteira e custam entre 20 e 110 euros.
Foi na Praça da República, onde está situada a imponente Igreja de São João Baptista e os Paços do Concelho, que começou a visita guiada de O MIRANTE à boleia do tuk tuk de Luís e Catarina. Nessa tarde chuvosa de sexta-feira eram poucos os turistas que circulavam na rua. A viagem com o repórter foi encurtada devido às condições climatéricas, mas nem por isso deixou de ser marcante e de fazer crescer água na boca a quem estava a gozar a experiência pela primeira vez.
O tiro de partida surge com uma breve explicação da majestosa igreja e da sua história secular. Toda a viagem é feita como se estivéssemos a assistir a uma aula sobre a cidade, contada por dois historiadores que sabem do assunto como ninguém. Apesar de não serem naturais de Tomar, já vivem e estudaram o tempo suficiente para saberem os segredos de uma cidade que consideram ser das mais bonitas do mundo. “Tentamos que as pessoas voltem para as suas casas felizes e satisfeitas, mas, sobretudo, que regressem com novos conhecimentos e uma bagagem cultural maior do que tinham”, garantem, com convicção.
Quinze minutos depois entramos no tuk tuk e surge a primeira contrapartida. O motor não liga por causa do frio. “Vai ter de ser de empurrão”, dizem, em jeito de brincadeira. Ao fim de cinco minutos, e de uma corrida de duas centenas de metros, iniciamos a subida ao Castelo Templário e Convento de Cristo, o monumento mais ilustre da cidade. As explicações recuam ao tempo da Ordem de Cristo (1360) e da fundação do Castelo (1160). Os dedos apontam para a Janela do Capítulo e para o portentoso portal e fachada de entrada do convento minuciosamente trabalhados. “Hoje em dia já ninguém consegue fazer nada parecido com isto”, declaram.

“Gostamos de ser vistos como os embaixadores da cidade”
As qualidades de Luís e Catarina como guias turísticos seduzem com facilidade os seus clientes. Ele tem uma postura mais extrovertida e raramente é visto com uma expressão séria; ela conquista pelo afecto e delicadeza com que interage com as pessoas. “É impossível fingir que gostamos do que fazemos porque trabalhamos com as emoções. Temos de saber transmitir a paixão que sentimos pelo que vemos à nossa frente”, asseguram.
Depois de contemplar, do alto do castelo, a Mata Nacional dos Sete Montes, o tuk tuk volta a descer até ao centro histórico. A chuva, que continua sem dar tréguas, embeleza uma cidade despida de pessoas mas iluminada pelas cores das luzes de Natal.
O primeiro cliente da “Tuk Lovers” foi a presidente do município, Anabela Freitas. Entretanto já transportaram muitas pessoas vindas dos cinco continentes. As histórias vão-se acumulando com o passar dos anos, mas há algumas que são impossíveis de esquecer. Catarina conta ao repórter sobre aquela vez em que guiou um japonês uma manhã inteira e só no final reparou que ele não tinha percebido “um chavo” do que ela tinha estado a explicar. “Percebi que tinha estado a falar para o boneco quando lhe pedi para baixar a cabeça, no Aqueduto dos Pegões, e ele foi parar ao chão”, conta, com um sorriso no rosto.
A viagem prossegue até à Igreja de Santa Maria dos Olivais, que em tempos foi sede da Ordem dos Templários. Classificada como monumento nacional, é um dos exemplares mais emblemáticos da arte gótica no país. À porta da igreja conversa-se sobre o impacto brutal que a pandemia teve nas contas da empresa. Com uma quebra de receitas na ordem dos 80 por cento, os danos foram aliviados pelos turistas portugueses e pelos tomarenses que optaram por passar férias “cá dentro”.
Num ápice a tarde fez-se noite, mas a volta não podia terminar sem visitar a mítica Fonte da Prata. A sua arquitectura é comum a muitas fontes espalhadas por várias cidades do país, mas reza a lenda que quem dela beba água, volta sempre a Tomar. Por essa razão é quase sempre um dos destinos finais da experiência com Luís Campos e Catarina Vargas. “Gostamos de ser vistos como os embaixadores da cidade templária. A nossa missão é garantir que quem visita Tomar um dia vai querer voltar”, concluem, em uníssono.

Uma visita a Tomar à boleia do tuk tuk da Catarina e do Luís

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