Os meios de comunicação regionais continuam a ser maltratados pelo Estado. Não desejo que o Estado dê dinheiro aos pequenos jornais mas apenas que não os ajude a liquidar com as mais absurdas exigências como a fixação de um preço mínimo de assinatura, por exemplo, ou a não publicação de publicidade institucional, mesmo a que mais sentido faz ser ali colocada.
Quando falo do Estado, falo também das câmaras municipais e dos presidentes de câmara que cortam a sua publicidade aos jornais que se atrevem a publicar notícias que lhes desagradam, em vez de transcreverem as notas de imprensa que eles emitem a auto-elogiarem-se.
No caso das câmaras municipais governadas por eleitos anti-democráticos, apesar de eleitos democraticamente, a situação ainda é mais grave. Fala-se de regimes que asfixiam a liberdade de imprensa, mas não se fala de câmaras municipais que fazem o mesmo, não com prisões e tortura, porque por enquanto não podem usar esses métodos, mas através do corte de receitas; do bloqueio de acesso a documentação; da pressão sobre outras entidades para que façam o mesmo.
Assim asfixiados, muitos pequenos jornais fecham ou cedem e aceitam ser amplificadores da voz do poder e muitos cidadãos acabam por ficar reféns da informação controlada, ou da intoxicada e falsificada que tem origem na boataria das redes sociais.
João Mariano Bentinho Peres