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Polícia investiga desaparecimento de ouro  na Misericórdia de Alverca
A guarda dos bens dos idosos internados é um desafio para os responsáveis das instituições

Polícia investiga desaparecimento de ouro  na Misericórdia de Alverca

Idosa foi hospitalizada e os bens em ouro que estavam à guarda da instituição de Alverca desapareceram. O que fazer a estes bens quando os utentes entram nos lares é uma dor de cabeça para os responsáveis de algumas instituições.

A Polícia de Segurança Pública (PSP) de Alverca está a investigar o desaparecimento de várias peças de ouro pertencentes a uma utente idosa que está aos cuidados da Associação de Assistência e Beneficiência Misericórdia de Alverca.
A O MIRANTE, a PSP confirma a existência de uma denúncia por furto no interior das instalações daquela associação e a investigação está em curso para tentar apurar as circunstâncias em que desapareceram várias peças em ouro onde se incluem fios e anéis com algum valor financeiro, mas acima de tudo sentimental.
O caso aconteceu próximo do Natal quando uma utente teve de ser hospitalizada e não pôde levar consigo alguns dos bens em ouro que possuía. A directora técnica da instituição realizou o habitual levantamento dos bens, colocou-os num envelope, mas ao invés de o guardar no cofre da instituição, que estava fechado e para o qual não tinha chave, optou por deixar o envelope no gabinete da presidente da instituição, que tinha a porta destrancada.
Quando a idosa retornou do hospital pediu a restituição dos bens e estes já não se encontravam no envelope. Foi de imediato apresentada queixa na PSP. Contactada por O MIRANTE, a presidente da instituição, Edite Alvito, não quis prestar esclarecimentos sobre o caso. No lar daquela instituição, segundo o portal do associativismo da Câmara de Vila Franca de Xira, estão 64 residentes apoiados por 78 colaboradores.
A PSP explica que, na sua área de intervenção, não tem até ao momento outros registos de desaparecimento de peças de ouro de idosos institucionalizados. A guarda destes bens é uma dor de cabeça para os responsáveis de quase todos os lares da região. Não é apenas ouro que os mais velhos deixam ao cuidado das associações para onde vão viver: há também óculos, placas dentárias, aparelhos auditivos, livros e cartões multibanco, entre outros artigos.

Ouro à porta
antes de entrar
Na Misericórdia de Vila Franca de Xira os utentes são aconselhados a não entrar no lar com os seus bens em ouro, explica o provedor Armando Jorge. Naquela instituição todos os objectos dos utentes são fotografados, inventariados e guardados no cofre da provedoria, de que apenas o provedor tem a chave, para minimizar riscos. “Por princípio não deixamos os utentes entrar com esses bens, mas compreendemos a importância sentimental, acima da monetária, que muitos desses anéis, brincos e fios têm para as pessoas”, explica a O MIRANTE.
A Misericórdia de VFX tem “dezenas de peças” à sua guarda, com elevado valor, muitas delas de pessoas já falecidas e que os familiares não reclamaram. A ambição do provedor é poder expô-las num pequeno núcleo museológico dentro da instituição, já que esta não pode vender as peças.

Funcionária que roubou dinheiro foi despedida
A Associação do Hospital Civil e Misericórdia de Alhandra já viveu uma situação de roubo nas suas instalações em 2017. Uma funcionária de 38 anos, que era directora financeira da instituição e lá trabalhava há onze anos, acabou despedida por justa causa depois de ter retirado 300 euros da conta bancária de uma idosa sem permissão da mesma. José Alves, actual provedor, explica que os bens dos idosos são guardados em cofre, mas lembra que todos os utentes e familiares são avisados que a instituição não se responsabiliza pelos mesmos caso venham a desaparecer.
“Numa casa em que 60 por cento dos nossos utentes tem demências, precisamos de nos lembrar que temos muitos utentes, empregados e até cleptomaníacos que fazem as coisas sem pensar. Às vezes damos com utentes a guardar talheres e outras coisas dos outros dentro das suas malas”, conta. O provedor avisa que a instituição “não terá contemplações” caso descubra algum funcionário a desviar pertences porque há limites éticos que são inultrapassáveis. “Nos lares devia ser como nos hospitais e não se entrar com bens”, defende.

Nunca se deve facilitar
Já na Misericórdia de Pernes, concelho de Santarém, o provedor Maia Frazão lembra que há procedimentos rígidos na inventariação dos bens dos utentes, reconhecendo que é sempre preciso cuidados redobrados no controlo desses pertences. “Especialmente dos cartões multibanco”, avisa. Maia Frazão explica que se o utente estiver lúcido a sua vontade de ter consigo os bens é que conta. O provedor considera ter de haver rigor e controlo e que nunca se deve facilitar na forma como se guardam os bens dos utentes, “acima de tudo por causa do seu valor sentimental”, conclui.

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