O vereador do PS Luís Dias acusou, em reunião pública da Câmara de Abrantes, o vereador do Bloco de Esquerda, Armindo Silveira, de fazer declarações sobre o caso do empresário Jorge Ferreira Dias que incitam ao ódio e à violência. Numa alusão à recente invasão do Capitólio, nos Estados Unidos da América, e à possibilidade de o ex-presidente norte-americano, Donald Trump, vir a ser julgado por semear o ódio, pediu que neste caso as declarações do vereador do BE sobre o litígio entre o município e Jorge Ferreira Dias fossem analisadas pelos serviços jurídicos do município.
Depois de Armindo Silveira ter dito que iria votar contra a acta da reunião de câmara anterior - na qual o empresário agrediu o presidente e vice-presidente do município -, por não ter assistido a uma parte do que lá vem descrito, e por isso poder ter implicações judiciais, Luís Dias usou da palavra para atacar o vereador da oposição.
“O Código Penal diz que as questões de incitamento ao ódio podem ser apresentadas de múltiplas formas. As reiteradas declarações do vereador Armindo Silveira estão muito perto deste incitamento”, considerou Luís Dias, acrescentando que “gostaria que todas as ocorrências associadas a este processo pudessem ser analisadas”.
Em resposta, Armindo Silveira classificou de “lamentável” a intervenção do vereador socialista, vincando que “atenta contra a [sua] honra”, repudiando a insinuação de incitamento ao ódio. “Querer comparar-me a Trump é descabido. E é muito grave tendo em conta o que aconteceu com a invasão do Capitólio”, sublinhou o autarca do BE, acrescentando que, se vão analisar juridicamente o seu discurso, deverão fazer o mesmo com as declarações de Luís Dias.
No início da reunião, Armindo Silveira, tinha começado a sua intervenção dizendo que repudiava o episódio de violência levado a cabo por Jorge Ferreira Dias, na sessão camarária de 22 de Dezembro de 2020. Recorde-se que o empresário abrantino mantém há vários anos um litígio com o município, a quem responsabiliza pela falência das suas empresas.
O presidente da Câmara de Abrantes, Manuel Valamatos (PS), optou por não se pronunciar sobre a acusação de Luís Dias ao eleito do BE, destacando que o caso de Jorge Ferreira Dias é uma questão judicial e não política.
Sobre a acta da reunião em que ocorreram as ameaças e agressões, embora tenha considerado pertinentes as declarações de Armindo Silveira, o líder socialista afirmou que “a acta deve transcrever tudo aquilo que tem a ver com a reunião e que interfere de uma forma ou de outra no desenvolvimento dos trabalhos”. A acta foi aprovada com os votos favoráveis do PS e PSD e o voto contra do Bloco de Esquerda e vai servir como prova dos acontecimentos em julgamento.