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Mudança do mercado de Santarém arrasou o negócio aos vendedores
Alice Serra é a vendedora mais antiga e mais idosa do mercado municipal de Santarém

Mudança do mercado de Santarém arrasou o negócio aos vendedores

Mercado municipal funciona num espaço provisório há quase ano e meio. Obras no edifício antigo têm sofrido algumas contrariedades, estão atrasadas e só lá para o Outono devem estar concluídas. Mercadores não poupam críticas à câmara.

Alice Serra tem 87 anos e vende no Mercado Municipal de Santarém há 53 anos. Lamenta que a Câmara de Santarém tenha transferido provisoriamente os vendedores para a Casa do Campino, no Campo Infante da Câmara, porque diz que perdeu os seus clientes. As obras no mercado municipal decorrem desde Agosto de 2019 e têm conhecido algumas contrariedades, sendo expectável que estejam concluídas em Setembro ou Outubro deste ano, segundo disse o presidente da Câmara de Santarém, Ricardo Gonçalves (PSD), durante a sessão de Dezembro da assembleia municipal.
“O presidente não foi nosso amigo. Poderia ter tido um pouco mais de consideração por nós e ter-nos colocado num espaço mais acessível aos clientes que costumavam fazer compras no mercado”, critica Alice Serra. A vendedora conta que há dias que não tem um único cliente, o que a deixa triste. No entanto, continua a levantar-se todos os dias bem cedo para vender fruta e hortícolas para estar entretida.
Alice Serra recorda o grande movimento que havia todos os dias no mercado municipal de Santarém há 50 anos. Vendia todos os seus produtos e os clientes tinham que esperar para ser atendidos. Outros tempos. O MIRANTE visitou o mercado municipal na manhã de quinta-feira, 14 de Janeiro, e durante a hora e meia que lá esteve não apareceu um único cliente. São os vendedores que vão conversando para ajudar a passar o tempo.

“O negócio está de rastos”
Mário Luís, 71 anos, brincava no mercado de Santarém quando a sua mãe vendia na sua banca. Cresceu ali e começou a vender há mais de 20 anos. Não poupa nas críticas à Câmara de Santarém e afirma que o presidente os mandou para dentro de um poço. “Aqui não se passa ninguém. Não temos clientes. Estamos a morrer aos poucos e o negócio está de rastos”, afirma, acrescentando que há dias em que leva para casa apenas 20 euros das vendas. Mário Luís explica a O MIRANTE que continuam a trabalhar por respeito aos poucos clientes que ali vão.
Os dias mais movimentados, contam, é à sexta-feira e sábado quando há venda de peixe fresco e também queijos frescos. Nesses dias há maior procura e os vendedores acabam por ter mais clientela.
Aldina Dias, 76 anos, que vende no mercado de Santarém há 45 anos, conta que perdeu metade dos clientes. A vendedora defende que o município podia ter arranjado uma alternativa melhor como, por exemplo, na antiga Escola Prática de Cavalaria, que fica junto ao edifício do mercado que se encontra em obras. “No quartel há muito espaço e ficávamos lá muito melhor. Ali as pessoas mais velhas, que são os nossos clientes, procuravam-nos. Aqui não. O presidente não nos colocou lá porque não quis”, critica.

“É um tormento e uma tristeza estar aqui”
Alexandra Silva é a vendedora mais nova e a sua banca é a primeira do lado direito quando se entra na sala destinada ao mercado. Conta que os vendedores se sentem abandonados naquele local e as vendas têm sido uma desgraça. “O mercado deveria ter sido inaugurado no Verão do ano passado mas não sei quando é que regressamos”, afirma, acrescentando que só se mantém ali para assegurar lugar no renovado mercado quando estiver pronto a ser utilizado.
A mesma opinião têm Maria José Portugal, 65 anos, Antónia Lima, 77 anos, e Fátima Ladeira, 71 anos. Dizem que a mudança foi péssima e que no novo espaço não há clientes. Com o atraso nas obras já nem sabem se vão mesmo para o novo mercado. “É um tormento e uma tristeza estar aqui. Só cá estou por teimosia e vou-me esforçando pelos poucos clientes que vêm mas é difícil”, sublinha Maria José Portugal.

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