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Em tempos difíceis o mais importante é não deixar ninguém para trás
Fernando Caio é um rosto conhecido no Sobralinho com um vasto percurso político e associativo

Em tempos difíceis o mais importante é não deixar ninguém para trás

Fernando Caio tem 65 anos e é um rosto conhecido do Sobralinho. Trabalhou na metalomecânica, foi actor amador em A-dos-Loucos, político e dirigente associativo em várias colectividades.

A actual crise pandémica está a trazer grandes dificuldades e desafios aos organismos públicos que acompanham a área social e o mais importante é não deixar ninguém para trás e sem apoio. A convicção é de Fernando Caio, secretário do executivo da União de Freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, responsável, entre outras tarefas, pela área social.
“Esta crise já está a trazer-nos grandes dificuldades, de pessoas que estão habituadas a pedir tudo e que sabem onde ir pedir, mas também de gente que está habituada a ter tudo e agora não sabe onde ir pedir. Se a acção social não estiver bem assente no terreno e não for ao encontro das pessoas que precisam, elas terão grandes dificuldades. Não podemos deixar ninguém para trás”, conta a O MIRANTE.
Fernando tem o telefone sempre ligado e os pedidos de ajuda não têm dia nem hora para chegar. Está sempre disponível para ajudar quem precisa, incluindo aos fins-de-semana durante a noite. “Temos feito um trabalho importante em colaboração com a nossa técnica. Se há pessoas a passar grandes dificuldades temos de resolver, ver se há uma cantina social disponível e se a pessoa se enquadra num programa de alimentos. Ainda há alguns dias chegou um problema de uma pessoa que não comia há dois dias seguidos”, lamenta.
Fernando Caio considera que, a nível da acção social, o concelho de Vila Franca de Xira está bem organizado e a funcionar em rede entre todas as instituições que dão uma resposta rápida no terreno.
Com 65 anos, Fernando viveu boa parte da sua adolescência e juventude em A-dos-Loucos, tendo-se mudado depois para o Sobralinho, vila onde ainda hoje reside. É casado e tem dois filhos. Quando era pequeno sonhava ser agricultor mas a vida levou-o para outros percursos profissionais. O seu primeiro emprego foi numa metalomecânica em Alhandra onde começou a conhecer o mundo do trabalho. Depois mudou-se para as Construções Técnicas, empresa do Sobralinho que já fechou portas há vários anos.
Por fim entrou na Previdente, também no Sobralinho, uma fábrica que se dedicava à metalomecânica ligeira e à produção de produtos como pregos, parafusos, redes ou chumbos. “Estive na Previdente 28 anos. Entrei como serralheiro e saí como preparador de trabalho. Era uma área interessante e bem remunerada mas onde tive de estudar muito porque era sobretudo à base de desenho e cálculo”, conta.
Diz ficar triste por hoje a maioria das metalomecânicas ter fechado portas e haver cada vez menos empresas do ramo. “Hoje em dia quem tem especialização na área técnica e da metalomecânica continua a ter muito trabalho. Infelizmente há um limbo em que as pessoas se formam para o desemprego. E não se ensina a trabalhar. Na minha época trabalhávamos com os mestres e aprendíamos com os mais velhos. Hoje em dia já não”, lamenta.

Depois do trabalho
o associativismo
Depois de sair da Previdente Fernando Caio dedicou-se à Acção Social no concelho, pouco depois da filha começar a frequentar o infantário. Quis devolver à comunidade um pouco do que ela já fizera por si. “Infelizmente não há muita gente disponível para o movimento associativo e para trabalhar de borla. Não há uma cultura cívica de responsabilidade, de querer contribuir para a sociedade e a comunidade”, critica.
Admite que há cada vez menos gente interessada em ajudar nas direcções das associações mas ao mesmo tempo aponta o dedo a quem, “teimosamente, não percebe que está na altura de sair e dar lugar a pessoas com maior experiência”.
Fernando Caio fez parte de direcções do Centro Social para o Desenvolvimento do Sobralinho e depois também da AISC – Associação de Intervenção Social e Comunitária, onde trabalhou com dezenas de associações de todo o concelho, da Póvoa de Santa Iria à Vala do Carregado. Pelo meio envolveu-se na política, pela CDU, tendo sido cabeça-de-lista à então freguesia do Sobralinho, tendo perdido a corrida para José Manuel Peixeiro, com quem admite ter uma boa relação de amizade. “Amigos, amigos, política à parte”, garante.

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