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Bombeiros estão a ser vacinados com as sobras dos lares 
Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Santarém defende que os operacionais de todas as corporações deveriam ter integrado a primeira fase de vacinação

Bombeiros estão a ser vacinados com as sobras dos lares 

Presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém fala num “aproveitamento positivo” mas ao mesmo tempo lamentável.

Algumas das corporações de bombeiros do distrito de Santarém estão a conseguir vacinar parte dos seus operacionais com os restos de lotes de vacinas dos lares de idosos, revelou o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito de Santarém, João Furtado, considerando que se não fosse dessa forma ainda não haveria um único bombeiro vacinado.
Ouvido por O MIRANTE, João Furtado, que também é presidente dos Bombeiros Voluntários de Abrantes, explica que “o que tem acontecido é que como prestam apoio à vacinação em lares de idosos, quando há sobras ou utentes que por algum motivo não a podem tomar”, as doses são administradas aos operacionais. O que, na sua opinião, é um “aproveitamento positivo” mas simultaneamente lamentável.
João Furtado lembra que todos os dias os bombeiros correm risco de ser infectados pelo novo coronavírus durante uma ocorrência e que já há muito deveriam ter sido vacinados. Mas como, “infelizmente”, não entraram na primeira fase de vacinação, “tenta-se distribuir aquilo que existe pelo maior número de bombeiros”.
Através desta solução improvisada, e que o próprio admite ser desorganizada, os Bombeiros de Abrantes já conseguiram vacinar 40 operacionais, cerca de metade do corpo activo, entre profissionais e voluntários. Também outras corporações, como a de Salvaterra de Magos e de Constância, têm-se deslocado a Abrantes por haver neste concelho muitos lares de idosos para, dessa forma, “aproveitarem a oportunidade”.
Nestas idas a Abrantes, para prestar apoio durante a vacinação aos utentes e funcionários dos lares, os Bombeiros Voluntários de Constância conseguiram vacinar oito dos 120 que integram a corporação, adianta o presidente da associação humanitária, Adelino Gomes. Um número pequeno mas que deixa de contar para os 50 por cento que vão ser vacinados através do plano oficial de vacinação, durante os próximos dias.
“Abrantes tem sabido aproveitar muito bem esta situação e a nós, como não temos lares, foi-nos dada essa oportunidade”, diz Adelino Gomes, lamentando que ainda assim aconteçam “situações em que os enfermeiros não deram as que sobraram aos bombeiros e levaram-nas para outros lares”, o que não é expectável que aconteça por razões de segurança e mau acondicionamento.
Também para Adelino Gomes os bombeiros foram, uma vez mais, “desvalorizados e esquecidos pelos responsáveis deste país” e têm que se salvaguardar na base do improviso no caso das vacinas e gastarem milhares de euros do orçamento das associações em equipamentos de protecção individual.

Autarca de Alpiarça critica vacinação a 50 por cento
Depois de os bombeiros terem ficado de fora da primeira fase de vacinação, chegou finalmente em Janeiro a confirmação de que vão ser vacinados 15 mil de um total de cerca de 30 mil existentes em Portugal. Uma decisão que também não agradou às corporações e tem motivado críticas.
O presidente da Câmara de Alpiarça é um dos que disse que vai manifestar o seu desagrado ao Governo. Mário Pereira, que tutela a corporação municipal, refere que ao contrário do que as pessoas pensam, só metade do efectivo vai ser vacinado, informação que lhe foi comunicada pela Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil.
A responsabilidade de escolher quem é vacinado e quem vai continuar à espera recaiu sobre o comandante, que teve de escolher apenas 18 dos 36 operacionais, embora todos estejam envolvidos na emergência pré-hospitalar, transporte de doentes e de infectados com Covid-19.
Mário Pereira diz saber que não pode ser toda a gente vacinada ao mesmo tempo, mas no caso dos Bombeiros Municipais de Alpiarça, em que todos estão a desenvolver serviços de risco, a medida põe em causa a questão do tratamento igualitário.

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