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Comunicação tem sido prejudicial no combate à pandemia
Jorge Torgal

Comunicação tem sido prejudicial no combate à pandemia

Jorge Torgal, médico e membro do Conselho Nacional de Saúde Pública, natural de Santarém, alega que a forma como o número de novos dados tem sido comunicada alimenta a irracionalidade no combate à pandemia. E diz que é ilusório pensar que vamos controlar a epidemia com as medidas que estamos a tomar.

O médico e membro do Conselho Nacional de Saúde Pública (CNSP) Jorge Torgal, natural de Santarém, criticou um suposto alarmismo em torno do número de novos casos de Covid-19 alegando que isso alimenta a irracionalidade no combate à pandemia.
Em declarações prestadas sexta-feira, 29 de Janeiro, numa audição conjunta com outros especialistas em saúde pública, no âmbito da Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia e do processo de recuperação económica e social, na Assembleia da República, Jorge Torgal vincou que a comunicação “tem sido um vector pouco positivo” na acção contra a propagação do vírus SARS-CoV-2 no território nacional.
“Todos os dias ouve-se que temos 10.000 casos de Covid, 15.000, 13.000 e não é verdade. Nós temos 10.000, 15.000 ou 13.000 casos de infecção pelo vírus e, felizmente, destes apenas 5% é que serão Covid, se tivermos a média habitual na generalidade dos países. Este é um dado objectivo. Ao alarmar damos uma dimensão que não leva à racionalidade que entendemos que os cidadãos devem ter para abordar o seu quotidiano e a luta contra a epidemia”, frisou.
De acordo com o especialista em saúde pública o novo coronavírus “vai continuar por anos” na sociedade e defendeu que a resposta à pandemia não depende só da actuação do Governo. “A primeira noção é que uma pandemia se combate com o país: os cidadãos e as suas estruturas representativas. É ilusório pensar que vamos controlar a epidemia com as medidas que estamos a tomar”, salientou.

“Escolas não são o principal foco de infecção”
Jorge Torgal comentou ainda o encerramento das escolas neste segundo confinamento. “As escolas não são o principal foco de infecção. Encerrá-las é útil, porque baixa o nível de transmissão, mas temos de aceitar que o objectivo primeiro é proteger as pessoas frágeis e isso não resulta directamente do encerrar das escolas e do fechar a sociedade. Vamos ter problemas sociais graves, de desenvolvimento das crianças, de saúde mental e também consequências económicas muito relevantes. Devíamos ter um foco mais preciso no combate à pandemia”, considera.
Já sobre a postura do CNSP, Jorge Torgal reconheceu que o organismo se tem reunido “com pouca frequência” e adiantou que não se vislumbra “uma mudança de linha estratégica”. Por conseguinte, defendeu que “não tem prestado o foco que deveria haver sobre como evitar esta tragédia social de toda uma geração”, em alusão aos mais idosos.
“Devemos olhar para os dados e agir em consequência. Até ontem [28 de Janeiro] tivemos 405.827 casos de Covid-19 em pessoas com menos de 50 anos e 134 mortes nestas pessoas. Tivemos 48.390 casos em pessoas com mais de 80 anos e morreram 7.600 pessoas. É uma diferença abissal. Quer dizer que o foco do Governo e da sociedade deve ser neste grupo que tem uma mortalidade incomensuravelmente maior”, finalizou.

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