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Padre volta a ser enfermeiro  para ajudar no combate à pandemia  
Rúben Figueiredo sempre foi um apaixonado pela área da saúde

Padre volta a ser enfermeiro  para ajudar no combate à pandemia  

Rúben Figueiredo, sacerdote da Diocese de Santarém, guardou no armário as vestes eclesiásticas para voltar a vestir a pele de enfermeiro. Há mês e meio ajuda a tratar doentes com Covid-19 na Estrutura de Apoio de Retaguarda, em Fátima.


No pico da crise provocada pelo novo coronavírus, com hospitais a colapsar e profissionais de saúde exaustos há um padre que decidiu voltar a ser enfermeiro. Chama-se Rúben Figueiredo, é natural da freguesia de Achete, Santarém, e há mês e meio integra a equipa de enfermagem da Estrutura de Apoio de Retaguarda, em Fátima, que acolhe mais de meia centena de doentes com Covid-19.
O sacerdote da Diocese de Santarém sempre foi um apaixonado pela área da saúde. Licenciou-se em enfermagem mas só exerceu a profissão durante dois anos, em 2010 e 2011. Agora que “os profissionais são poucos” no combate à pandemia entendeu que seria “importante compreenderem que a Igreja não está de braços cruzados e que os padres estão disponíveis e vestem a camisola”, disse em entrevista à Agência Eclesia.
Rúben Figueiredo trabalha com mais 10 enfermeiros (seis fixos e quatro rotativos), dois médicos e 17 assistentes operacionais, que diariamente prestam cuidados de saúde e higiene a mais de 50 doentes. Segundo o presidente da Comissão Distrital da Protecção Civil do Distrito de Santarém, Miguel Borges, que também é presidente da Câmara do Sardoal, esta estrutura tem capacidade para receber 130 doentes, mas devido à falta de profissionais de saúde só pode, neste momento, receber 65.
São todos doentes estáveis e maioritariamente idosos que não necessitam de tratamento hospitalar mas que requerem cuidados de saúde diários. Muitos foram transferidos de lares ilegais ou outras estruturas sem condições para a sua permanência e ali ficam até ser cumprido o período de isolamento. Depois são devolvidos às suas casas, lares ou famílias.
Reconhecendo que depois de 10 anos desligado da enfermagem precisa de voltar a ter formação e recorrer a livros para executar técnicas e procedimentos, Rúben Figueiredo diz que esta decisão se revelou numa mais valia para o seu crescimento humano, espiritual, religioso e profissional. O padre e enfermeiro conta ainda que continua a ter uma vida espiritual, mas só depois de o dia de trabalho ter terminado.

Morte da mãe colocou a sua vocação em causa
Esta é a segunda vez que Rúben Figueiredo coloca a vida religiosa em segundo plano mas os motivos são bem diferentes. A primeira aconteceu em 2002, depois de a sua mãe morrer num acidente de viação. Tinha 19 anos e frequentava o primeiro ano da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa quando colocou a sua vocação em causa. Desistiu da vida religiosa e até deixou de frequentar a igreja.
“Foi um momento muito difícil da minha vida, porque a morte da minha mãe foi inesperada e questionei-me por que tinha acontecido aquele acidente fatal. Estava zangado. Achei que não conseguiria continuar a missão religiosa e, depois de falar com os padres, decidi sair, apesar de me terem deixado a porta aberta”, disse em 2017, em entrevista a O MIRANTE.
Foi nessa altura, ao deixar o curso de Teologia que decidiu licenciar-se em enfermagem. No entanto, o chamamento para a vida religiosa que sempre esteve dentro de si fê-lo voltar ao curso de Teologia, em 2011. Seis anos mais tarde foi ordenado padre, na Sé de Santarém e, actualmente, é pároco no Chouto, Parreira, Ulme e Vale de Cavalos, no concelho da Chamusca.

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