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Morte ao Homem branco

A bazuca que aí vem é uma oportunidade única para dinamitar de vez a estrutura colonial e racista do Estado português. E se os nossos governantes, caciques e deputados não são racistas, nem colonialistas, como tanto gostam de apregoar, é esta precisamente a altura de o demonstrarem, passando das palavras aos actos. Ou seja, abandonando a capital do império.

É de facto uma vergonha que, em pleno séc. XXI, o Parlamento português ainda continue a funcionar num edifício e numa cidade que foi a capital do império colonial e que respira colonialismo e racismo por todos os poros. E a solução não é obviamente eliminar os quadros racistas e colonialistas existentes na Assembleia da República, até porque o próprio edifício é uma expressão do colonialismo, assim como a cidade de Lisboa. E como não está previsto para breve um terramoto como o de 1755, a única solução é mudar o Parlamento, a Presidência da República e o Governo para uma ou mais cidades do interior do país, construindo edifícios governamentais e um Parlamento livres de colonialismo e de racismo, preservando a Lisboa imperial e colonialista como memória da nossa história comum e um museu vivo que faz a delícia dos turistas nacionais e estrangeiros.
O princípio estruturante desta reforma, que eu venho defendendo há mais de trinta anos, resume-se a isto: governar Portugal como um pequeno país europeu que efectivamente é, tal como a Holanda, em vez de continuar a governar Lisboa como se fosse a capital do império e as restantes regiões do país as suas colónias ultramarinas. Eu sou alentejano e já estou farto de ser tratado como um nativo das cubatas pelos supremacistas brancos de Lisboa que nos despojam de toda a nossa matéria-prima, que são os recursos humanos, em troca de umas bugigangas de cimento armado com que subornam os sobas e o caciques locais.
Ora, a bazuca que aí vem é uma oportunidade única para dinamitar de vez a estrutura colonial e racista do Estado português. E se os nossos governantes, caciques e deputados não são racistas, nem colonialistas, como tanto gostam de apregoar, é esta precisamente a altura de o demonstrarem, passando das palavras aos actos. Ou seja, abandonando a capital do império, colonialista e racista, e deslocalizando para as diferentes regiões, cada uma com a sua especialização (Educação, Turismo, Agricultura, Negócios Estrangeiros, Justiça, Economia, etc.), os ministérios, secretarias de Estado, direcções-gerais, Assembleia da República, universidades públicas, quartéis militares e os estados-maiores, tribunais superiores e constitucional, etc. etc, e os diferentes organismos do Estado deles dependentes.
Além disso, a saída de todos estes organismos da Lisboa imperial, racista e colonialista ainda tinha a vantagem de libertar esta região da pressão urbanística e aliviar os transportes públicos. E não nos venham com conversas da treta, porque, com o advento da internet, das plataformas digitais, dos novos meios de comunicação e com a rede de auto-estradas existente, o facto de os edifícios físicos dos ministérios estarem distribuídos pelo território não só não causa qualquer transtorno na prestação do serviço como só tem vantagens.
Finalmente, este seria um passo determinante na luta contra a corrupção, tendo em conta que é precisamente a concentração de todos os poderes na Corte de Lisboa e a entrega do resto do território, despovoado e sem massa crítica, aos caciques, todos eles afilhados da Corte de Lisboa de cujo orçamento dependem, que são os alicerces e as traves-mestras da corrupção portuguesa, uma corrupção estrutural, assente na cunha e no compadrio.

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