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Os desafios de ser voluntário em tempo de pandemia
foto DR João Pereira, à esquerda, presidente da Associação de Voluntariado e Acção Social do Entroncamento, com a sua equipa

Os desafios de ser voluntário em tempo de pandemia

O Banco de Voluntariado do Entroncamento organizou uma conferência online onde se falou de resiliência, coragem, do aparecimento dos grupos informais de voluntariado e do futuro da actividade depois da tempestade passar.



Nunca como agora foi tão desafiante fazer voluntariado. Esta foi a frase que mais se ouviu na conferência online que a Associação de Voluntariado e Acção Social do Entroncamento (AVASOCIAL), em parceria com o município, realizou na quinta-feira, 25 de Fevereiro, no âmbito do Banco Local de Voluntariado do Entroncamento (BLVE). A conferencista principal foi Carla Ventura, vice-presidente da CASES (Cooperativa António Sérgio para a Economia Social).
A sessão abriu com as intervenções de João Pereira, presidente dos voluntários do Entroncamento, e de Tília Nunes, vereadora socialista no executivo municipal. O Entroncamento registou, desde o início da pandemia, cerca de uma centena de novos voluntários, o que demonstra o espírito solidário dos seus habitantes.
A comunidade respondeu ao apelo, com os voluntários a pertencerem a várias faixas etárias e estratos sociais, nomeadamente desempregados ou empresários que foram obrigados a fechar portas devido ao novo confinamento. O acompanhamento a idosos tem sido incansável, uma vez que são realizados contactos regulares com mais de três mil idosos do concelho.
A realidade do Entroncamento deu o mote para a palestra da socióloga Carla Ventura, que começou por salientar a coragem de praticar voluntariado nos dias de hoje. “É uma prática que exige altruísmo, numa sociedade com mecanismos mais individualizados, mas onde a ajuda do outro é cada vez mais importante”, disse.
Um bom exemplo disso é o aparecimento dos grupos informais de voluntariado que têm um papel fundamental na sinalização de novos casos sociais. A “pobreza envergonhada” é cada vez mais recorrente e estes voluntários funcionam como um elo de ligação com as entidades que podem actuar de forma mais efectiva.
“O voluntariado é intrinsecamente livre, mas é preciso ter muitos cuidados. Deve existir formação e estabelecer-se parcerias para acautelar os riscos da actividade”, reforça Carla Ventura. O Estado, segundo a socióloga, deve reconhecer a prática e dar-lhe autonomia, uma vez que já ganhou um espaço próprio na sociedade e contribui para a coesão social.
A conferência foi um sucesso e agarrou do início ao fim cerca de meia centena de participantes, oriundos de vários municípios do país e da região, nomeadamente Ourém, Golegã, Torres Novas, Constância e Santarém. Quase todos tiveram a oportunidade de expor as suas ideias ou partilhar as suas experiências. Edgar Correia, da Associação de Jovens de Samora Correia, partilhou a sua experiência como voluntário, sublinhando que no concelho de Benavente cada vez há mais grupos informais. A sua maior preocupação prende-se com o futuro da actividade, uma vez que a pandemia vai passar, mas a pobreza vai continuar.

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