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A viagem de Nelson Cunha do Entroncamento para Londres
foto DR Nelson Cunha é natural do Entroncamento e vive há cerca de sete anos em Londres, onde é responsável por uma das maiores cadeias de restauração da cidade

A viagem de Nelson Cunha do Entroncamento para Londres

Nelson Cunha deixou o Entroncamento há cerca de sete anos para rumar a Inglaterra à procura de um sonho: ganhar a sua independência financeira. A audácia fez dele um dos responsáveis por uma das maiores cadeias de restauração em Londres. Numa conversa com O MIRANTE assume o desejo de voltar ao Entroncamento e desabafa sobre as dificuldades de ser emigrante num país onde as pessoas dão mais valor à razão do que a emoção.

A história dos 31 anos de vida de Nelson Cunha, natural do Entroncamento, está repleta de atrevimentos próprios de quem precisa de aventuras para se sentir realizado. Dos tempos em que era jogador de futebol no Ferroviários pouco sobra, a não ser as saudades da cidade que fez dele um homem que quer lutar pela sua independência.
O curso de Sociologia tirou-o em Coimbra, onde conheceu Roberta Blaj, a namorada romena que vive desde os 11 anos em Portugal e que o acompanhou até Londres, Inglaterra, onde vive actualmente. A primeira aventura além-fronteiras de Nelson, mais conhecido por “Né” entre os seus pares, deu-se depois da crise de 2008, que derrubou o negócio de panificação dos seus pais, no Entroncamento. Emigrou para Frankfurt, Alemanha, para adquirir competências que o fizessem marcar a diferença e lhe dessem estímulos para conseguir a sua independência financeira. “A falência do negócio dos meus pais deixou-me desamparado; senti que precisava de me afastar e de arranjar um rumo para a minha vida”, desabafa a O MIRANTE em entrevista realizada por videochamada.
A chegada a Inglaterra, para trabalhar numa conhecida cadeia de restauração, surge pouco tempo depois de um dos seus irmãos mais novos começar a frequentar o curso de técnico de som numa das universidades de Londres. Inicialmente estava previsto ficar cerca de três meses, mas o ordenado era demasiado bom para regressar a Portugal. As primeiras funções, sem nunca as ter experimentado antes, foram como ajudante de cozinha. “Deram-me logo uma faca para as mãos; passava o dia a cortar vegetais para centenas de pessoas, sem descanso”, conta.
A determinação e audácia levaram-no, rapidamente, a assumir cargos de chefia. Nelson Cunha conta a O MIRANTE como chegou à administração da empresa: “Três meses depois da minha chegada senti que podia dar mais à empresa. Fui ter com o administrador, de touca na cabeça, e disse-lhe que tinha potencial para mais. Ele adorou a minha irreverência e colocou-me a gerir a logística dos restaurantes”. Sete anos depois, Nelson Cunha já chegou ao cargo de vice gestor geral e não quer parar por aqui. “Estou a aguardar que a pandemia dê tréguas para ser promovido a gestor geral da empresa”, adianta.
Todos os dias de trabalho têm a mesma rotina; chega ao serviço por volta das 08h00 e põe o correio electrónico em dia; a seguir prepara o caminho para a sua equipa de supervisores. “Antigamente queria chegar a todo o lado, mas agora aprendi a delegar trabalho. A divisão de responsabilidades é uma das melhores formas de se conseguir negócios lucrativos”, sublinha. Como líder assume que não gosta de ser autoritário e que prefere dar o exemplo. “Para estar onde estou tive de me sacrificar. Uma das diferenças entre Portugal e Inglaterra é que aqui não há cunhas; o valor tem de existir para se reconhecer o mérito”, garante.
A vida corre-lhe bem, mas os planos de Nelson Cunha, e da namorada Roberta Blaj, passam por regressar a Portugal nos próximos cinco anos. Com o pé-de-meia dos últimos sete anos já começaram a investir em imobiliário e o próximo passo é investir na família. “Queremos ter filhos, mas a sua educação tem de ser feita em Portugal. O sistema educativo inglês é demasiado cinzento, onde se privilegia a razão em detrimento da emoção. Queremos que os nossos filhos tenham o sangue quente”, declara com um sorriso no rosto.
Da terra dos fenómenos, como é conhecido popularmente o Entroncamento, tem saudades dos amigos, de jogar à bola, mas sobretudo da família. “O que mais me custa com a distância é que todos vamos envelhecendo longe uns dos outros, mas vou continuar a trabalhar para recuperar o tempo perdido”, promete.

Questionário de Proust

Qualidade que o define?

Sou interessado e observador.

Maior defeito?

Por vezes sinto-me inseguro e vou-me abaixo. Felizmente, consigo sempre dar a volta por cima.

A sua ideia de felicidade?

Deitar-me para dormir com o sentimento de dever cumprido.

A sua palavra favorita?

Em português gosto da palavra saudade, em inglês gosto da expressão “happy days” (dias felizes).

O livro que mais marcou?

“Rich dad, poor dad” (Pai Rico, Pai Pobre) de Robert Kiyosaki.

E o filme?

Pearl Harbour.

Quem são os seus heróis?

A minha mãe.

Em que ocasiões mente?

Quando estou a jogar Playstation e tenho de dizer à minha namorada que estou a fazer outra coisa (risos).

Qual foi a sua maior conquista?

Ter provado a mim próprio que consigo ser quem eu quiser.

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