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Maioria das terras só tem saneamento e água canalizada há pouco mais de trinta anos  
Em finais da década de 80 do século passado teve início o abastecimento de água a Lisboa e arredores a partir da albufeira de Castelo de Bode

Maioria das terras só tem saneamento e água canalizada há pouco mais de trinta anos  

A região abastece de água Lisboa, e os concelhos limítrofes, há quase um século e meio, quer através do Alviela, quer de Castelo de Bode, mas a água canalizada só chegou à generalidade das torneiras dos consumidores ribatejanos há pouco mais 30 anos. A propósito dos dias da Canalização e da Água, ambos celebrados em Março, O MIRANTE conversou com responsáveis de três empresas municipais que têm a seu cargo a distribuição de água e o saneamento básico em Santarém, Abrantes e Vila Franca de Xira.

Ramiro Matos

Há água canalizada em todo o concelho de Santarém, mas saneamento ainda não

De acordo com dados oficiais da Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos (ERSAR), referentes a 2019, a totalidade do concelho de Santarém está coberta por uma rede de abastecimento de água para consumo humano. A instalação de redes de abastecimento de água nas freguesias fora da malha urbana de Santarém datam praticamente todas dos anos 70 e 80 do século passado e tiveram início nos sistemas de Amiais de Baixo, Tremês ou Vale de Santarém.
Já no que se prende com o saneamento de águas residuais, a acessibilidade física do serviço, através de redes fixas, corresponde a 79%. Não estão ainda servidas de saneamento as freguesias de Abitureiras, a parte correspondente à antiga freguesia de São Vicente do Paul, da actual União de Freguesias (UF) de São Vicente do Paul e Vale de Figueira; a parte correspondente à antiga freguesia de Casével, da actual UF de Casével e Vaqueiros; a parte norte da freguesia de Alcanede, localizada na Serra dos Candeeiros; a antiga freguesia de Achete, da actual UF de Achete, Azoia de Baixo e Póvoa de Santarém e alguns pequenos aglomerados populacionais dispersos pelo concelho.
Segundo Gustavo Madeira, director-geral da Águas de Santarém, os primeiros sistemas de saneamento datam da mesma época, do início dos anos 80 do século passado, e foram construídos em Amiais de Baixo, Pernes e Vale de Santarém. Gustavo Madeira realça que têm a particularidade de serem servidos por uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) desde essa altura, enquanto Santarém só dispôs de tratamento de águas residuais em 1999, com a entrada em funcionamento da actual ETAR.
O engenheiro Francisco Jerónimo trabalhou durante décadas no departamento de obras municipais da Câmara de Santarém e recorda que o grande investimento começou a ser feito na região, e em todo o país, na década de 80. “O que havia até então eram apenas colectores unitários, que serviam para as águas pluviais e esgotos. O receptor era o rio Tejo, directamente ou através dos seus afluentes”.
Muito foi feito em cerca de 20 anos, até à abertura da ETAR de Santarém. “Felizmente está a trabalhar bem e por isso não se fala nela”, refere o actual presidente da Associação de Futebol de Santarém, retirado da câmara desde o início da formação da Águas de Santarém. A empresa municipal iniciou actividade a 1 de Fevereiro de 2008. Desde então é responsável pela conservação da qualidade da água do concelho de Santarém, pelo respectivo controlo e pelo desenvolvimento da rede de saneamento, por um período de 40 anos.
Recentemente a empresa municipal, liderada por Ramiro Matos, iniciou a construção da Estação Elevatória da Bacia de D. Rita, junto da Estrada de Alfange, para solucionar o problema dos esgotos em parte do centro histórico de Santarém. Uma obra que irá contribuir para “fechar” a recolha e encaminhamento adequado de águas residuais domésticas na cidade.

António José Oliveira

Investimentos permanentes para manter o fornecimento de água e saneamento

A boa manutenção das condutas é fundamental para permitir a entrega de água com boa qualidade em todas as habitações do concelho de Vila Franca de Xira e, por isso, os Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) daquele concelho estão a investir na reabilitação das redes.
Ao longo dos tempos e com a evolução das características dos materiais e tecnologia, as antigas redes em fibrocimento têm vindo a ser substituídas por novas tubagens em policloreto de vinil (PVC), bem como outros materiais semelhantes como polietileno de alta densidade (PEAD) e ferro fundido dúctil (FFD). Os SMAS de Vila Franca de Xira explicam a O MIRANTE que as condutas têm um tempo de vida útil superior a 50 anos.
Os SMAS de VFX foram criados em 1959, inicialmente só como serviço municipalizado de água e mais tarde, em 1983, foi criada a municipalizarão do serviço de saneamento, dando origem aos SMAS como hoje são conhecidos. A taxa de cobertura da população servida por sistemas de drenagem de águas residuais e distribuição domiciliária de água é garantida praticamente a cem por cento naquele território, explicam os SMAS.
“Foi sendo desenvolvido e reforçado o sistema de abastecimento de água ao concelho, com distribuição de patamares de abastecimento e através da criação de reservas a cada um dos níveis e elevações sucessivas até ao patamar mais alto” do concelho, explica aquela entidade. A actual percentagem de água segura no concelho é de 99,8 por cento na rede predial, acrescenta.
Os SMAS são responsáveis por conceber e construir, explorar e conservar as redes de abastecimento de água e de drenagem de águas residuais em baixa, sendo a gestão da vertente em alta ao nível do saneamento, emissários, interceptores, estações elevatórias e estações de tratamento, uma responsabilidade da Águas do Tejo Atlântico.
Actualmente os investimentos a realizar nas redes são decididos com base num plano plurianual de investimentos aprovado pelo conselho de administração e sujeito a votação pela vereação municipal.
O abastecimento de água no concelho começou na década de 1930 com a distribuição de água através de marcos fontanários, tendo como principal fornecedor a EPAL. Atendendo à sua localização, o concelho foi abastecido a partir de derivações dos adutores da EPAL que serviam a capital do país, Lisboa: primeiro no adutor do Alviela, depois o adutor do Tejo e, mais tarde, em 2002, através de quatro derivações do adutor da circunvalação.

Manuel Valamatos

Manutenção das condutas é fundamental para evitar o desperdício

O trabalho de monitorização, avaliação e reparação desenvolvido pelas empresas, sejam elas privadas ou municipais, é fundamental para evitar o desperdício de um dos bens mais preciosos do planeta: a água doce. É preciso estar sempre em cima do acontecimento, já que além do tempo de vida da própria conduta, as “propriedades da água podem afectar a durabilidade das tubagens, originando incrustações que reduzem o caudal ou comprometem a sua impermeabilidade”, explicam os Serviços Municipalizados de Abrantes (SMA), liderados por Manuel Valamatos, também presidente do municipio.
Para evitar desperdícios de água e outros problemas no sistema, os SMA analisam regularmente a evolução de ocorrências, como roturas e estado de conservação da tubagem, a alteração das pressões, variação dos caudais e qualidade da água distribuída. Para que tal seja possível dispõem de equipamento portátil para detecção de fugas e de um sistema de telegestão para monitorizar caudais.
No que respeita à substituição de tubagens antigas, nomeadamente as de fibrocimento - material que contém amianto - têm sido substituídas por tubagens PVC em locais sinalizados pelos SMA ou em articulação com a Câmara de Abrantes quando esta pretende proceder a pavimentação ou repavimentações. Actualmente neste concelho apenas 18 por cento das tubagens são em fibrocimento.

Água canalizada a 100%
e saneamento a 93%
A cidade de Abrantes foi a primeira do concelho a ter água canalizada, no ano de 1891. Actualmente a resposta de cobertura de água canalizada é de 100 por cento, desde que Aldeia do Mato a passou a receber em 2003. No que toca ao saneamento a percentagem atinge os 93,68 sendo que, onde não existe rede de drenagem é assegurado pelos Serviços Municipalizados de Abrantes o serviço de limpeza de fossas.
As localidades não servidas com rede de saneamento são a Foz, Água Travessa, Chaminé, Brunheirinho, Vale de Horta, Esteveira, Vale Zebrinho, Lampreia, Casal das Mansas, Matagosa, Água das Casas, Vale de Açor, Maxial, Cabeça Gorda, entre outros bairros dispersos pelo concelho. Para colmatar esta falha, estão a decorrer “estudos técnicos e económicos para aferir a viabilidade de poderem ser consideradas mais algumas localidades”.

Maioria das terras só tem saneamento e água canalizada há pouco mais de trinta anos  

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