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Bioindústria vai usar moscas para produzir ração e fertilizantes em Santarém

Entogreen está a investir 10,7 milhões de euros numa unidade fabril inovadora que vai transformar desperdícios vegetais em proteína com recurso a insectos. Prevê-se a criação de 66 postos de trabalho.

A EntoGreen tem em curso um investimento de 10,7 milhões de euros em Santarém, para instalação de uma bioindústria que vai usar moscas soldado-negro para transformação de desperdícios vegetais em proteína para alimentação animal e fertilizantes.
Daniel Murta, presidente executivo da Ingredient Odyssey, dona da marca EntoGreen, disse à Lusa que o investimento, já em curso num edifício alugado na zona industrial de Santarém, vai criar 66 postos de trabalho e inclui uma unidade de investigação e desenvolvimento.
A bioindústria utilizará a mosca soldado-negro para converter, anualmente, 36.000 toneladas de subprodutos vegetais em 2.500 toneladas de proteína e 500 toneladas de óleo de insecto, para a alimentação animal, e 7.000 toneladas de fertilizante orgânico, para os solos.
Daniel Murta salientou que os insectos são uma “ferramenta” existente na natureza que consegue transformar coisas que não têm valor e trazê-las de volta à vida. “Basicamente, usamos estes insectos como uma ferramenta para utilizar subprodutos vegetais que não entram na cadeia de valor por causa das exigências dos consumidores e que têm toda a qualidade nutricional e de segurança alimentar assegurados”, disse.
Há uma década a trabalhar no projeto, Daniel Murta afirmou que o investimento que vai permitir criar uma unidade industrial “em larga escala” em Portugal resulta de uma história de “resiliência”, que recebeu um impulso determinante com o acolhimento, em 2014, da EntoGreen na Estação Zootécnica Nacional, pólo do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) situado no Vale de Santarém, no âmbito do qual surgiu o contacto com o seu actual sócio, Rui Nunes.
Daí nasceu o consórcio que fez a ligação a montante e a jusante, ao agregar a Agromais Plus, a Consulai e as Rações Zêzere, empresas cujo apoio Daniel Murta considera ter sido “chave” para o processo. O projecto conta com financiamento da União Europeia e de dois fundos de investimento, o 200M, do Banco de Fomento, e o BlueCrow Innovation Fund, privado. A indústria das rações para animais será o principal mercado para os primeiros produtos da EntoGreen, que serão integrados na alimentação para peixes, aves, suínos e animais de companhia. Já os fertilizantes orgânicos terão como destino produções agrícolas, nomeadamente de hortícolas, permitindo reduzir a percentagem de importações realizadas actualmente neste sector.
A produção da unidade irá substituir parcialmente a farinha de peixe importada, mas a expectativa é que o processo seja replicado, disse Daniel Murta, adiantando que a Ingredient Odyssey procura “activamente” parceiros a nível internacional, pois, para resultar, é necessário ganhar escala.

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