As alegrias do PVC - Processo de Vacinação em Curso e o crime de comer sopa dentro do carro
Robusto Serafim das Neves
Um senhor de Alcanede, Santarém, chamado Luís Inácio, deu uma lição a toda a gente ao conseguir provar que não são só famosos chefes de cozinha, como aquele que tem mau feitio e um programa na televisão, que são capazes de fazer uma greve de fome.
Ele iniciou uma a 5 de Abril que, tudo indica, acabou logo nesse dia quando a esposa o chamou para jantar, para lutar pele resolução de assuntos que, segundo o presidente da câmara, estão a ser resolvidos e muita gente pode ter pensado que estava a lutar em vão. Mas os que desdenham da sua luta deviam estar com mais atenção, deviam saber que realmente os assuntos estão a ser resolvidos mas há uma carrada de anos.
Eu também estava capaz de fazer uma greve qualquer para reivindicar uma data de coisas mas não sou muito bom nessas coisas. Com a sorte que tenho, em vez de jornalistas para saberem das minhas queixas, ainda era capaz de receber a visita das autoridades para me passarem uma multa qualquer.
E não te rias. Aquela rapariga do Cartaxo que estava a comer uma sopa dentro do carro também foi multada. O carro estava num parque de estacionamento, ao lado do trabalho, ela não entornou sopa nos estofos, não buzinou e mesmo assim, pimba. Estavam ali uns maduros amontoados na esplanada do café aqui da rua a ler a notícia e a rirem que nem uns desalmados. Estavam todos sem máscara nem a cumprir qualquer distanciamento. E estavam a despachar alimentos líquidos mas não era sopa.
De vez em quando a Polícia Judiciária faz umas buscas em casas particulares. Raramente sabemos o que procuram e muito menos sabemos o que encontram, mas não é difícil adivinhar. Se fosse cá em casa, oito dias depois da última limpeza, encontravam pó, alguma loiça por lavar, um ou outro livro desarrumado e a máquina da roupa com roupa à espera de ser estendida.
É verdade que eles costumam levar computadores mas parece que também não encontram lá grande coisa, pelo menos a avaliar pelo desenrolar dos processos que acabam nos tribunais, que são raros. E mesmo esses basta-lhes um juiz tipo Ivo Rosa para os limpar por completo com um acordeão, tipo spray multiusos. Aquilo é que é um lavar de almas.
Ainda estamos na pandemia da Covid-19 mas já outra pandemia está a alastrar. Com eleições autárquicas este ano já começou a animação. Guerrinhas intestinas, ou de intestinos, dentro de tertúlias a que alguns insistem em chamar partidos políticos, deserções, transferências, acusações, demolições de obras que custaram milhões, só porque foram feitas nos tempos de tipos de outras cores, inaugurações à força toda, com e sem ministros, anúncios, promessas... é um nunca mais acabar de factos, notícias, acontecimentos e anedotas.
Tudo isto somado à grande anedota do PVC (Processo de Vacinação em Curso) em que todos os dias avança novo grupo para a vacinação em massa sem que os grupos anteriores estejam vacinados e em que todos os dias se anuncia a chegada de mais vacinas para no dia seguinte se saber que afinal as vacinas não existem.
Saudações inclementes
Manuel Serra d’Aire