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Quero voltar à idiotice normal porque este excesso de idiotice ainda me mata 


Tal como muitos outros cidadãos, tenho uma certa tendência para a idiotice. Não nego isso nem sequer tento fazê-lo, como alguns doutos idiotas. A idiotice pode não nascer connosco mas apanha-se com facilidade ao longo da vida. Dou por mim, bastas vezes a reprimir ataques de idiotice ou a lamentar ter sido idiota. Acontece. Quer dizer... acontece a alguns porque um bom idiota nunca lamenta nem se arrepende das idiotices que faz ou diz.
Em tempo de crise a idiotice, em vez de abrandar, agrava-se. É terrível mas é verdade... Desde que começou a pandemia que a idiotice não pára de crescer. Inicialmente parecia querer abrandar mas o que aconteceu foi que, muito do espaço que a idiotice costumava ocupar, passou a estar preenchido pela guerra ao coronavírus e pelas histórias de heróis e anjos dessa batalha. Falo por mim e pelo que fui vendo e lendo.
O que tenho reparado é que, a pouco e pouco, se começou a quebrar a momentânea unanimidade e médicos, enfermeiros, caixas de supermercado, polícias, políticos e bombeiros recomeçaram a ser olhados como eram olhados antes da declaração do primeiro estado de emergência e isso foi o sinal para voltarem a abrir, de par em par, os portões da idiotice.
É verdade que muitos idiotas ainda surgem de máscara... mas esses já antes usavam máscara. Fazia parte da farda. Quanto a mim, nos momentos de fraqueza, quando o meu bom senso e a minha inteligência me abandonarem, vou continuar a ser um idiota ao natural, porque as máscaras impedem-me de dizer bem alto as idiotices que, de vez em quando, decido proferir. E só lhes liga quem quer. Um tempo propício à xenofobia.
Rui Ricardo

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