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O rio Tejo não é um esgoto

Esta semana O MIRANTE deu voz online, e nesta edição, a uma associação liderada em parte pela família Campilho. Em causa está um grande projecto para o rio Tejo que, embora ainda esteja numa fase inicial, já merece muitas dúvidas. Está na hora de nos deixarmos de rodriguinhos e deitarmos mãos à obra.

Vou dar visibilidade mais uma vez, merecida, ao senhor Arlindo Consolado Marques (ACM), mais conhecido como o Guardião do Tejo. Num artigo de opinião publicado esta semana na edição online de O MIRANTE, e republicado nesta edição, ACM leu o artigo de opinião e despachou o assunto com um comentário curto, grosso e literalmente reaccionário. Diz ele que “conhece muitos Sócrates”. E por aqui se ficou partilhando e comentando o texto na sua página nas redes sociais. Quem o ler vai achar que o problema do rio Tejo e dos seus recursos nunca terá uma solução milionária porque Portugal está nas mãos dos corruptos. Cada vez que alguém pensa o país ao nível dos grandes projectos para os rios, e as urbes, vamos cair sempre no conto do vigário.
ACM merece todo o respeito pelo seu trabalho e pelo empenho pessoal por uma causa que os governantes e os seus escriturários adiam todos os dias por falta de visão e mérito político. Se tivéssemos governantes a sério ACM nunca seria um herói; daqueles que fazem o trabalho dos governantes e das autoridades nacionais nos intervalos do seu trabalho como guarda prisional. Se o país fosse bem governado o rio Tejo nunca seria presa fácil de empresários e indústrias poluidoras.
Daí até duvidarmos que é possível sair desta mediocridade de país vai um passo de gigante. O rio Tejo merece um projecto ao nível daquilo que está pensado e projectado para o futuro. Só gente com dinheiro, e com interesses instalados, pode deitar mãos à obra. É isso que está a fazer a família Campilho. Em vez de se acomodarem, como todos os grandes proprietários que exploram as terras do Ribatejo, e depois vão investir o que ganham no Algarve ou em Ibiza, saíram do anonimato e querem juntar todas as forças vivas da região para fazerem do Tejo um rio com futuro; como já fizeram com os seus rios os franceses, os holandeses e muitos outros governantes de países do primeiro mundo.
Se me perguntarem se não tenho dúvidas sobre projectos megalómanos para o Tejo respondo que sim; mas quero ver para crer como São Tomé. Se o Tejo está moribundo, em risco de se transformar num curso de água igual a alguns dos seus afluentes, e aparecem pessoas preocupadas em salvá-lo, só posso aplaudir e incentivar. Chega de heróis à força e à custa da ignorância e do desprezo com que os governantes tratam o país real e protegem os criminosos.
Por muito que nos custe reconhecer o Ribatejo não tem líderes em nenhuma área importante da nossa vida cultural, política e sócio-económica. Somos um território secundário para os políticos de Lisboa; e só ainda não estamos na situação do Alentejo porque aqui há mais dinheiro, e as propriedades não estão à venda como no Alentejo, onde o dinheiro acabou há muito tempo. Mas para lá caminhamos se continuarmos entregues aos dirigentes da CAP, que herdaram a Feira da Agricultura e não fazem um corno por Santarém; para lá caminhamos se os donos das terras perceberem que estão nas mãos do destino e dos especuladores que procuram boas terras para olivais e amendoais e o mais que aí vem.
Está na hora de nos espevitarmos; de defendermos o nosso território e a nossa gente; está na hora de nos substituirmos aos políticos palermas que governam alguns municípios e se escondem nos gabinetes a tratar da contabilidade caseira. Se os líderes da família Campilho e os seus parceiros tiverem um projecto grandioso e inovador para fazer do Tejo um rio com vida, só temos que estar do lado deles e dar-lhes o nosso apoio. E para isso precisamos de mobilizar os melhores autarcas, a EPAL, os donos do CAIMA, os donos das terras, os ambientalistas e, acima de tudo, os cidadãos como o senhor Arlindo Consolado Marques que não são donos do Tejo, nem precisam dele para os seus negócios, mas defendem o rio com unhas e dentes, contra tudo e contra todos. JAE

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