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Não há pandemia que roube os beijos  que mais gostamos de dar
Cláudia Martinho, Sílvia Sousa, Cristina António, Sandra Vieira, Andreia Fontes e João Mota

Não há pandemia que roube os beijos  que mais gostamos de dar

O MIRANTE aproveitou o Dia do Beijo, que se celebra a 13 de Abril, para saber se os ribatejanos continuam beijoqueiros ou se, por outro lado, a pandemia está a tornar as pessoas menos afectuosas. Não há ninguém que consiga abdicar dos beijos aos familiares mais próximos e todos acreditam que os afectos vão voltar às rotinas diárias.

Os melhores beijos são os que causam borboletas na barriga

Cláudia Martinho Cláudio, natural de Santarém, é mãe de dois filhos e diz que não abdica de lhes dar um beijo sempre que os tem nos braços; o momento leva-a a viajar para memórias passadas, repletas de amor e ternura, que provocam borboletas na barriga e arrepios na pele. É por isso que diz, sem hesitar, que “se só pudesse dar mais um beijo na vida seria aos meus filhos; não me canso de os beijar, sinto um amor enorme por eles, é um sentimento inexplicável”.

Cláudia, farmacêutica de profissão, diz que há beijos que trazem sofrimento como, por exemplo, o último que deu à avó materna, no hospital, antes de falecer. Os pais, por serem de uma geração anterior, sempre foram muito discretos nas manifestações de carinho. Talvez por isso, quando deu o seu primeiro beijo amoroso não lhes tenha dito. “Sempre fui muito fechada e tímida em relação à minha vida. Habitualmente falava com as primas e amigas, mas hoje tenho nos meus pais os meus melhores amigos”, sublinha. A sua relação com os beijos entre pessoas do mesmo género é tão normal que nem merece discussão. “Beijar é sinal de afecto, ternura, amor, e todos temos direito a escolher como e a quem queremos dar e receber”, afirma.

No seu entender a pandemia não afastou as pessoas. Quem é afectuoso não deixou de o ser, apenas teve de alterar as formas de o demonstrar. No futuro, refere, espera que as pessoas sejam conscientes e cuidadosas quando tudo voltar ao normal.


Pandemia está a matar os afectos

Sílvia Sousa, 42 anos, afirma que gosta mais de abraçar do que beijar, porque o abraço transmite um sentimento mais intenso e revelador do que realmente sentimos pela outra pessoa. Em tempos de pandemia, a consultora imobiliária, natural de Santarém, não abdica de beijar o seu sobrinho, a pessoa por quem tem mais carinho.

Sílvia não tem dúvidas ao afirmar que a situação actual está a tornar as pessoas menos afectuosas. “No início pensei que a pandemia iria aproximar as pessoas e torná-las mais humanas, mas aconteceu exactamente o contrário. Estamos a assistir, em muitos casos, ao pior que há nas pessoas”, lamenta. Quando a pandemia passar acha que vamos todos ser mais individualistas e que o altruísmo vai existir cada vez menos.

Sílvia Sousa diz que se só pudesse dar apenas mais um beijo na vida, escolheria o seu pai uma vez que a sua mãe já faleceu e ainda hoje está a aprender a lidar com a sua ausência.


A esperança de voltar a beijar sem receio

Cristina António, natural de Vialonga, revela que o pior beijo que deu na vida foi o de despedida a um familiar muito importante na sua vida. “Esse é o beijo que ninguém quer dar por ser o último, irrepetível e um afecto com o qual é difícil lidar”, desabafa. Já o melhor beijo é aquele que dá todos os dias a quem ama, nomeadamente o seu marido e os dois filhos. A O MIRANTE recorda o seu primeiro beijo amoroso e a reacção dos seus pais. “Os pais conhecem-nos de ginjeira e sabem perfeitamente quando essas situações acontecem. Bastou trocar olhares, não é preciso muita conversa para se perceber quando andamos apaixonados”.

Para Cristina António a pandemia afastou as pessoas, mas tem esperança de que os beijos e os abraços voltem a ser um hábito na sociedade. “Enquanto durar a pandemia vamos ficar mais reservados, mas progressivamente vamos retomar o hábito do contacto físico. Os bons hábitos reaprendem-se rapidamente, até porque é impossível viver sem afectos”, salienta. A psicóloga diz que os beijos são indispensáveis, mas os abraços também são muito importantes; “O ideal é ter direito aos dois porque ambos se complementam e dão mais calor e força ao momento”.


Beijos especiais à família e aos amigos

Na Azambuja muitas pessoas com quem O MIRANTE conversou dizem que o povo português tem o sangue quente e precisa de afectos “como de pão para a boca”. Embora vivamos uma realidade em que o contacto está vedado, mesmo aos que nos são mais próximos, Andreia Fontes diz que a pandemia não acabou com os beijos e que “o mundo era um lugar mais bonito” se as pessoas demonstrassem mais os seus afectos. O melhor beijo, garante, é sempre o último que dá ao seu namorado. “Os beijos que damos a quem amamos fazem-nos esquecer que vivemos em tempo de pandemia”, sublinha. A sua amiga, Sandra Vieira, tem a mesma opinião e recorda o beijo que deu às amigas, após o desconfinamento, como um dos momentos mais marcantes da sua vida. “A família e os amigos são essenciais para nos dar equilíbrio na gestão das nossas emoções”, salienta.

João Mota, 26 anos, natural de Aveiras de Cima, não se cansa de dar beijos ao sobrinho. Não gosta de beijar desconhecidos para não tornar insignificante um acto que é “tão bonito e singular”. O jovem psicólogo diz que escolhia a mãe para dar o último beijo da sua vida e vê os beijos entre pessoas do mesmo género como algo “normal porque o que interessa é o sentimento”.

Não há pandemia que roube os beijos  que mais gostamos de dar

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