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Livros: companheiros de viagem e amigos confidentes
Maria João Martins. João de Matos Filipe. Álvaro Ribeiro. Jorge Miguel

Livros: companheiros de viagem e amigos confidentes

A glória máxima de um povo assenta nos seus escritores. A frase é inspirada num autor desconhecido e serviu para O MIRANTE conversar com quatro escritores ribatejanos que têm o seu nome gravado nas capas dos livros que já publicaram. Três dos autores foram publicados pela editora de O MIRANTE

Maria João Martins

“Escrever é como respirar”

Maria João Martins, escritora, jornalista e professora de História da Moda, não tem dúvidas ao afirmar que, para quem gosta de ler, os novos formatos digitais nunca vão ser alternativa aos livros, jornais e revistas. “As novas tecnologias não conseguem tirar o prazer de ler um livro, de folhear as páginas e cheirar a tinta. No entanto, é indiscutível que os ecrãs estão a tirar hábitos de leitura”, diz a O MIRANTE.

Natural do concelho de Vila Franca de Xira, Maria João Martins tem 53 anos, é cronista na Mensagem de Lisboa e colaboradora do Diário de Notícias, tendo já trabalhado nas redacções do Diário de Lisboa, Jornal de Letras, Sete e Notícias da Póvoa, um jornal que, entre 1981 e 86 escrevia sobre a actualidade da Póvoa de Santa Iria.

“Penso que quem trabalha no sector do livro é demasiado elitista. Às vezes quando trabalhamos só com escritores, editores e jornalistas não temos a percepção do que é a relação real das outras pessoas com os livros”, sublinha.

Maria João abriu a sua própria livraria alfarrabista em Lisboa, o “Gato do Bosque”, mas a morte do marido, em 2016, obrigou-a a desistir daquele que sempre foi o seu sonho de infância. Confessa que ama a profissão de jornalista e não imagina a sua vida sem a leitura e escrita, as melhores formas de expressão que tem. “Para mim escrever é como respirar”, reforça.

Uma escritora que não escreve à noite

Maria João Martins é uma mulher madrugadora. Todas as manhãs enche uma caneca de café, liga o computador e escreve quando o ruído de Lisboa ainda não se faz ouvir. Não tem truques na manga mas gosta de começar pelo título; “é como uma bússola que vai orientando o caminho”, diz, explicando que quando sai de uma reportagem já vai no caminho a “teclar” o texto na cabeça.

“Qualquer que seja a forma da minha escrita, seja literária ou jornalística, tenho um grande cuidado com a atenção ao outro, ao detalhe, a uma afirmação, um gesto”, explica, admitindo que os jornalistas são cada vez mais “multiusos”, embora no seu caso se foque nas áreas de cultura e sociedade.

Maria João gosta do concelho de Vila Franca de Xira e sempre que pode vai visitar o pai que reside na Póvoa de Santa Iria. Tem vários livros na cabeceira e gosta de ler diversos títulos ao mesmo tempo. Adora poesia mas confessa não ter jeito para a escrever. Sophia de Mello Breyner, Eugénio de Andrade, Camões e a inglesa Elizabeth Browning são alguns dos seus escritores favoritos.

Maria João Martins tem oito obras publicadas: “O Paraíso Triste - A Vida Quotidiana em Lisboa na 2ª Guerra Mundial”; “Divas, Santas e Demónios - 100 Mulheres Portuguesas”; “O Pecado não Mora ao Lado - o Estado Novo contra a Sedução”; “Luanda, Invenção de uma Capital”; História da Criança em Portugal”; “Escola de Validos”; “Como o ar que respiras”, e a biografia da jornalista Margarida Marante.

João de Matos Filipe

“Cultura e Artes da Pesca Tradicional no Rio Tejo em Ortiga” de João de Matos Filipe

Foi na Biblioteca Itinerante da Gulbenkian, que antigamente percorria as aldeias e cidades do país, que João de Matos Filipe descobriu e se apaixonou pela história de “Constantino, Guardador de Vacas e Sonhos”, da autoria de Alves Redol. João Filipe tinha cerca de dez anos e leu o livro enquanto ele próprio guardava gado na sua aldeia da Ortiga, concelho de Mação. Aos dez anos ia com o pai e o avô percorrer, a pé, as estradas do Alto Alentejo para comprar cabeças de gado. “Era uma das coisas que mais gostava de fazer, mas deixava a minha mãe muito preocupada”, lembra a O MIRANTE.

João de Matos Filipe é o autor do livro “Cultura e Artes da Pesca Tradicional no Rio Tejo em Ortiga-Mação”, uma edição de O MIRANTE, publicada em 2013. O autor confessa que o livro ultrapassou as suas expectativas porque passou do âmbito local para ser comprado a nível nacional. “Esta obra vai ficar como um legado de memória das gentes de Ortiga. Os mais jovens não sabiam como era a vida antigamente e com este livro ficam a conhecer”, refere.

João de Matos Filipe conta que as pessoas se mostraram orgulhosas por ler um documento que preserva a cultura da sua comunidade. Apaixonado por História e escrita, anuncia que já tem outro livro na calha embora ainda não saiba quando vai estar pronto.

Álvaro Ribeiro

Álvaro Ribeiro e “O tempo de todas as incertezas”

Álvaro Ribeiro decidiu escrever um livro sobre as suas memórias da Guerra do Ultramar depois de, há cerca de dez anos, ter ouvido numa conversa de café jovens universitários demonstrarem não saber o que se passou na guerra colonial em África. “O tempo de todas as incertezas” é o nome do livro que demorou sete anos a ver a luz do dia e que foi escrito depois de muita pesquisa e de vistas centenas de fotografias e slides que o próprio tirou durante os tempos em que esteve em África.

Álvaro Ribeiro, pai do presidente da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, perpetua em 608 páginas as suas memórias da guerra no livro, que retrata 26 meses do batalhão de que fez parte nos combates em Moçambique. A obra, editada pela Rosmaninho, uma chancela de O MIRANTE, foi escrita sem ajudas, muitas vezes até altas horas da madrugada, altura em que tinha silêncio para se inspirar.

“O tempo de todas as incertezas” é também uma homenagem aos companheiros que não regressaram da guerra. “Há memórias que continuam na minha cabeça porque é impossível esquecer certos momentos e imagens”, confessa.

Jorge Miguel

Jorge Miguel e o livro que conta as memórias do atletismo em Rio Maior

Os bailes com as meninas da Marmeleira, as sessões de cinema que enchiam a Casa do Povo e o pão duro que sabia a mel aos jovens atletas depois dos treinos são algumas das memórias partilhadas na autobiografia de Jorge Miguel. “De padeiro a treinador de campeãs do mundo” é o nome do livro do treinador que, nas pistas de Rio Maior, potenciou grandes talentos da marcha atlética nacional como Susana Feitor, Inês Henriques, Vera Santos e os irmãos João e Sérgio Vieira.

A obra, com a chancela da editora O MIRANTE, retrata na primeira pessoa o percurso de um homem que se considera um “zero à esquerda” em tarefas domésticas como cozinhar ou mudar uma lâmpada, que nunca teve pernas para ser um atleta de alto nível mas conseguiu concretizar o sonho de ser um treinador de topo.

Jorge Miguel confessa ter sido muito importante partilhar a sua história neste livro que quer deixar como legado para o futuro do atletismo em Rio Maior. Fernando Ferreira, que durante muitos anos trabalhou consigo, ajudou-o a escolher as histórias e por de pé o livro, que tem sido um sucesso de vendas.

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