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O amor dos irmãos gémeos na saúde e na doença
Teresa e Tânia Santos dizem que não conseguem viver uma sem a outra devido à força da sua ligação. Leonor e Salvador, que sofre de uma doença rara, são um exemplo de como o amor entre irmãos é incondicional

O amor dos irmãos gémeos na saúde e na doença

Tânia e Teresa Santos são as “gémeas da Atalaia” que dizem não saber viver uma sem a outra e que têm como passatempo preferido pregar partidas a familiares e amigos. Leonor e Salvador, de dois anos, são irmãos gémeos de Aveiras de Cima, que personificam o significado da palavra amor como ninguém. O MIRANTE dá a conhecer duas histórias de vida completamente diferentes mas que têm como base o poder e cumplicidade que existe na ligação entre irmãos gémeos.

As “gémeas da Atalaia” são cúmplices até na hora de pregar partidas

Tânia e Teresa Santos têm 29 anos e são conhecidas no círculo de amigos mais próximos como as “gémeas da Atalaia”. Raramente as tratam pelo seu próprio nome para não correrem o risco de se enganarem uma vez que são gémeas idênticas. “Inicialmente era chato porque temos nome e uma identidade própria. Entretanto habituámo-nos e actualmente também brincamos com a situação”, afirmam a O MIRANTE.

As brincadeiras relacionadas com incapacidade das pessoas de as distinguirem levaram-nas a pregar muitas partidas ao longo dos anos; as mais comuns implicavam trocas de identidade para se conseguirem safar de algum problema. Tânia Santos recorda uma situação em que precisava de trocar um produto por outro no supermercado onde a irmã trabalhava. “Assim que cheguei à caixa, e antes de abrir a boca, trataram-me como se fosse a minha irmã. Aproveitei para fazer a troca, que aceitaram, mas fiquei com tanto peso na consciência que tive de admitir que estava a pregar uma partida”, confessa, no meio das gargalhadas da irmã.

As irmãs da Atalaia, concelho de Vila Nova da Barquinha, não hesitam em afirmar que são muito cúmplices e que partilham praticamente todos os momentos das suas vidas. “Não passamos um dia sem nos falarmos, embora tenhamos vidas completamente diferentes. Esperamos que assim continue”, sublinham.
Embora tenham, em muitas ocasiões, formas de pensar iguais sobre um assunto, há alturas em que as diferenças se fazem notar e acontecem alguns “choques de personalidade”. Não têm, como muitos irmãos gémeos dizem ter, uma relação telepática nem sentem as dores reais uma da outra, mas já aconteceu terem pressentimento de que alguma coisa não está bem com a outra. “Não acontece com muita frequência, mas quanto acontece ligamos logo uma para a outra. Felizmente que até agora foi sempre fumo sem fogo”, asseguram.

Decidiram sair de casa dos pais na mesma altura, um acontecimento que, dizem, causou algum receio pela incerteza do futuro. Tânia foi mãe pela primeira vez há cerca de oito meses e a família não podia estar mais feliz com a chegada de um novo membro. “Felizmente que as coisas têm corrido muito bem para as duas. Mas já agora gostávamos de partilhar que as nossas caras-metade chegam a ter alguns ciúmes da nossa relação. Nós divertimo-nos muito com isso”, afirmam com um sorriso no rosto.

Teresa e Tânia Santos dizem que não conseguem viver uma sem a outra devido à força da sua ligação

Salvador e Leonor: uma linda história de amor

Salvador e Leonor Valada são irmãos gémeos, têm dois anos e não há momento em que não demonstrem o carinho e o amor que sentem um pelo outro. As diferenças físicas são evidentes à primeira vista e têm uma explicação: Salvador tem displasia septo-óptica, uma doença rara que consiste na malformação da região frontal do cérebro que ocorre durante o final do primeiro mês de gestação. Os sintomas da doença podem incluir, entre outras, perda da acuidade visual de um ou ambos os olhos, estrabismo e disfunções endócrinas.

Naturais de Aveiras de Cima, os pais, Ruben e Rita Valada, contam a O MIRANTE que o filho passa mais tempo no hospital do que em casa. “A Leonor chora muito quando o Salvador não está presente. Normalmente fica irritada e rabugenta e é capaz de passar a noite sem dormir por sentir falta do irmão. Têm um amor um pelo outro difícil de explicar por palavras”, asseguram.

Salvador está neste momento a tomar hormonas de crescimento para poder chegar à altura ideal para a sua idade. As diferenças físicas e o facto de serem “gémeos falsos” - desenvolveram-se em placentas diferentes - não impedem que os irmãos tenham uma ligação muito forte, que começou a notar-se nos primeiros dias de vida. “Quando nasceram só conseguiam adormecer a olhar um para o outro e ainda hoje isso acontece. A Leonor, por exemplo, só vai para a creche se o irmão também for, caso contrário não se sente segura”, explica, Rita Valada.

A mãe conta a O MIRANTE que teve uma gravidez tranquila e que nada fazia prever o que foi descoberto nos primeiros dias de vida do Salvador: a doença, também conhecida como Síndrome de Morsier, ainda demorou três semanas a ser diagnosticada. “Independentemente da condição do Salvador, tudo fazemos para que tenha uma vida o mais normal possível, com muito amor e carinho. As diferenças, sejam elas quais forem, devem servir para mudar mentalidades e tornar as pessoas mais tolerantes e com mais compaixão”, sublinham.

Leonor e Salvador, que sofre de uma doença rara, são um exemplo de como o amor entre irmãos é incondicional
O amor dos irmãos gémeos na saúde e na doença

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