A ministra, o Tejo e um agricultor em greve de fome
Maria do Céu Antunes não teve honras de discurso mas acabou por ser questionada sobre temas da actualidade.
Embora não tenha discursado oficialmente na inauguração da Feira Nacional de Agricultura, em Santarém, O MIRANTE questionou a ministra da Agricultura sobre o caso do agricultor, Luís Dias, que esteve recentemente 28 dias em greve de fome em frente ao Palácio de Belém, em protesto contra a burocracia e a falta de resposta do Estado.
Maria do Céu Antunes respondeu de forma curta e evasiva: “O Ministério do Ambiente reuniu, o secretário de Estado reuniu com o senhor e comprometeu-se a averiguar a situação”, disse, adiantando que foi pedido ao Ministério Público que indicasse se há ou não condição para estabelecer um acordo com o agricultor. Como é evidente a ministra fugiu à questão e não quis tomar posição sobre o assunto.
A ministra da Agricultura falou também aos jornalistas sobre a resolução em curso do problema da redução do caudal do Tejo que afecta directamente a agricultura e em especial Abrantes, a sua terra natal.
“Estamos a estudar o aproveitamento económico, ambiental e social do Tejo estudando as diversas dimensões desde os rombos nas suas margens ao aproveitamento efectivo das condições de regadio”, afirmou Maria do Céu Antunes, acrescentando que tem que haver “uma negociação diária no sentido de acautelar que as condições são as mesmas” entre Portugal e Espanha no que toca à utilização das águas do Tejo.
No périplo pelo recinto da feira não faltaram agricultores com quem a ministra falou ou pelo menos cumprimentou, já que as paragens eram breves. “Gostávamos de lhe servir um copo de vinho”, disse-lhe um produtor. “Eu gostava mas não posso”, retorquiu a ministra presa ao protocolo que também não lhe permitiu provar as mais diversas iguarias que lhe foram gentilmente oferecidas.