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No CNEMA está tudo na mesma

A água era o tema da Feira da Agricultura, que se realizou de 9 a 13 de Junho, mas da água do Tejo e dos problemas do rio nada se falou, embora nos bastidores todos se interrogassem sobre o probelma. No dia da inauguração da Feira a PROTEJO esteve no Terreiro do Paço a entregar um memorando onde apresenta alternativas à construção de mais açudes e barragens no rio Tejo.

Quem julgou que a pandemia ia servir de lição aos homens que dirigem o Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas (vulgo CNEMA) está muito enganado. O actual presidente, Eduardo Oliveira e Sousa, tal como o anterior, João Machado, são verbos de encher na agenda de Luís Mira que é quem realmente dá ordens e impõe a política desastrosa na governação daquele espaço único na cidade e na região. A cerimónia de inauguração da última edição da Feira da Agricultura foi a mesma pobreza de sempre, muito abaixo do nível da inauguração das festas do Colete Encarnado, em Vila Franca de Xira, das festas de Maio na Azambuja, muito longe do empenho e interesses das entidades que organizam a centenária Feira de São Martinho, na Golegã.

O tema da água, que justificou em boa parte os quatro dias de feira em pandemia, foi tratado pela organização como as pecuárias tratam alguns afluentes do Tejo. No dia em que os dirigentes do CNEMA anunciavam aquilo que depois não discutiram o movimento PrOTEJO, representado por Paulo Constantino, apresentava em Lisboa trabalho que a direcção do CNEMA, que manda na CAP, deixou por fazer de forma vergonhosa e sem respeito por aqueles que lutam no terreno por soluções que salvem o Tejo e a agricultura da região.

É triste ver esta gente de fato e gravata a brincar com o fogo nas nossas barbas. Não dá para explicar aos leitores, principalmente aos escalabitanos, o que se diz e murmura nas costas destes fidalgos que organizam a Feira da Agricultura nas últimas duas décadas. Hoje, mais do que nunca, são alvo de chacota da maioria das forças vivas da região e, nalguns casos, alvos de expressões que os apelidam de “irresponsáveis” e “vendidos”. Em jeito de balanço, já que de ano para ano a organização da feira tem batido no fundo ao nível da organização, mas também da modernização do certame, diria que finalmente já pouca gente tem vergonha em admitir à boca pequena que a administração do CNEMA é uma farsa e uma injustiça para a Feira do Ribatejo e para as suas tradições.

A presença de dois ministros, Siza Vieira e Maria do Céu Antunes, duas sombras de António Costa, contrastaram com os stands vazios do banco Santander e da Caixa Geral de Depósitos, que devem ter pago o espaço mas não meteram lá os pés. A presença na inauguração de três autarcas da região, diz bem do interesse da Feira para as autarquias e da ligação do CNEMA à região. Sei que o papel onde este texto vai ser publicado já não serve sequer para embrulhar sardinhas, muito menos para os senhores importantes do Governo e da CAP limparem o rabinho. Mas não é por isso que as palavras se hão-de perder pelo caminho e a carta não chega a Garcia.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, esteve na Feira da Agicultura numa iniciativa para duas dezenas de convidados e meteu o dedo na ferida, mas a comunicação social não estava por perto. Diz ele que “dantes todos tínhamos uma terra para onde voltar quando nos fartávamos da cidade. Agora não. Portugal é a área metropolitana de Lisboa e do Porto e o resto é paisagem. As pessoas deixaram de pertencer ao mundo rural e nem querem saber dessa realidade; e isso reflecte-se no nosso quotidiano; para a grande maioria o mundo gira à volta do que se passa em Lisboa e no Porto”. Palavras sábias (aqui resumidas) que ninguém partilhou e só alguns perceberam o verdadeiro significado. JAE.

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