uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“As aulas à distância prejudicam o ensino”
Helena Pereira é a directora do Agrupamento de Escolas D. António de Ataíde, na Castanheira do Ribatejo

“As aulas à distância prejudicam o ensino”

Directora do Agrupamento de Escolas D. António de Ataíde, em Castanheira do Ribatejo, reconhece que a Covid-19 causou um grande impacto emocional nos jovens cujas sequelas vão persistir por algum tempo.

A pandemia impôs ensino à distância, alterou as rotinas das escolas e os sentimentos dos alunos, mas há mais mudanças a ocorrer paulatinamente. “Há 20 anos os alunos tinham de se adaptar ao professor e isso hoje está a mudar, o professor já procura a melhor forma de chegar aos alunos”, diz Helena Pereira.

No Agrupamento de Escolas D. António de Ataíde, em Castanheira do Ribatejo, nenhum dia é igual aos outros. Ainda antes da conversa com O MIRANTE a directora do agrupamento, Helena Pereira, já tinha sido chamada para resolver um conflito com um aluno. O trabalho de um director, ressalva, “não deve ser só para castigar nem para assinar documentos”. O director da escola, tal como os professores, deve ter um papel presente na vida do aluno e perceber se ele está com problemas porque muitas vezes é isso que afecta o aproveitamento e causa o insucesso escolar.

“Há 20 anos os alunos tinham de se adaptar ao professor e isso hoje está a mudar, o professor já procura a melhor forma de chegar aos alunos. O que começa a acontecer, e tem de continuar a ser assim, é que os professores já se adaptam aos alunos porque eles não são todos iguais”, conta Helena Pereira, que antes de assumir o cargo, em 2017, dava aulas de Matemática e Ciências Naturais ao 2º ciclo.

Sobre a pandemia no ensino, considera que causou um “grande impacto emocional” e que vai ter sequelas na vida de crianças e adultos durante algum tempo. Helena Pereira, que assumiu este mês o segundo mandato à frente do Agrupamento, acrescenta que a Covid-19 fez com que mais alunos e encarregados de educação pedissem ajuda psicológica.

A razão está no confinamento imposto e na consequente necessidade de realizar as aulas à distância. “Para mim, as aulas à distância não funcionam e prejudicam o ensino. Os alunos precisam do contacto com os colegas, o professor precisa de ver o aluno porque muitas vezes só de olhar para ele percebe que não está a entender a matéria e à distância acaba-se por não se ter essa noção”, conclui.

Adaptação aos novos tempos

Depois do primeiro confinamento o agrupamento teve de fazer adaptações aos novos tempos. Para além das regras impostas na generalidade das escolas, tais como o desfasamento de horários de entrada e saída de alunos, o uso de máscara e o distanciamento social, o Agrupamento de Escolas D. António de Ataíde viu-se obrigado a adaptar os Laboratórios de Aprendizagem, uma disciplina criada pelo agrupamento e que antes da pandemia juntava alunos de todas as turmas e anos.

Com a Covid os laboratórios continuaram a funcionar, mas foram repartidos para não misturar alunos que não pertençam à mesma turma. Esta unidade curricular serve essencialmente para os alunos aprenderem a matéria que dão na sala de aula, mas através de uma componente mais prática e em articulação com várias disciplinas. Tem tido uma grande adesão por parte dos estudantes do agrupamento, que tem quatro estabelecimentos de ensino, que vão desde o pré-escolar ao 9º ano, num total de cerca de 950 alunos.

Para além dos laboratórios, este agrupamento ainda promove, junto dos alunos, práticas que promovem o seu bem-estar e lhes ensinam a estar em comunidade. O sucesso destas medidas foi recentemente distinguido com dois prémios: a bandeira Eco-Escolas e o prémio Escola Amiga da Criança.

Sobre a gestão do agrupamento, Helena Pereira considera que a descentralização de competências do Ministério da Educação para a Câmara de Vila Franca de Xira veio desburocratizar alguns processos e resolver mais depressa as dificuldades que às vezes surgem. “Acho que as escolas ganharam com o processo de descentralização por causa da proximidade. “No meu caso sei logo quem devo chatear”, confessa, entre risos.

Uma directora que gosta de andar no terreno

Helena Pereira tem 47 anos e é professora desde os 24. Em 2002 começou a dar aulas na Escola Básica D. António de Ataíde, sede do agrupamento que lidera desde 2017. Assumiu este mês o segundo mandato, que durará até 2025. Depois disso não se quer recandidatar porque acha que o cargo deve ter rotatividade.

Não gosta de ficar o dia todo fechada no gabinete e sempre que pode anda pelos corredores da escola a ver o que se passa e tenta conhecer os seus alunos. “Gosto que eles saibam quem sou e transmitir-lhes que podem contar comigo sempre que quiserem”, conta a directora, natural de Vale do Paraíso, concelho de Azambuja.

“As aulas à distância prejudicam o ensino”

Mais Notícias

    A carregar...

    Capas

    Assine O MIRANTE e receba o Jornal em casa
    Clique para fazer o pedido