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Quem desaparece não esquece e as novas oportunidades do PS de Santarém

Observador Manuel Serra d’Aire

Percebi finalmente por que razão tanta gente faz questão de revelar todos os seus passos nas redes sociais. Seja as refeições que come, as praias que frequenta, os bares onde bebe uns copos, os amigos e amigas com quem convive, as paisagens e monumentos que visita e por aí fora. Trata-se de uma ajuizada medida preventiva e de uma prova de vida em constante actualização, não vá acontecer o mesmo que à louraça de Benavente que foi de férias sem avisar a família e com o telemóvel desligado e que acabou por ser dada como desaparecida ou raptada pelos marcianos, ou lá o que foi...

No mundo actual é importante não esquecer de divulgar diariamente onde estamos, com quem estamos, o que comemos e bebemos, com quem dormimos e etc... e tal, não vá acontecer que sejamos dados como desertores ou como desaparecidos pelos familiares, vizinhos, amigos e inimigos. Essa velha história de ir comprar tabaco e só aparecer dois anos depois já está obsoleta. Hoje, quem não aparece não é esquecido e sujeita-se a ser protagonista nas parangonas das televisões e das redes sociais, só porque lhe apeteceu ir dar uma voltinha sem passar cartão a ninguém.

Esta podia ser a trama para uma história de Natal do Charles Dickens: O PS de Santarém ressuscitou para as lides autárquicas um ex-autarca do PSD que foi durante 14 anos presidente da Junta de Casével e que, depois de renunciar ao mandato, foi anos mais tarde condenado em tribunal por desviar dinheiro da autarquia. Dado como politicamente morto há uns bons anos, Diamantino Vicente surge agora revigorado, cheio de pujança e de veia poética graças a mais um milagre socialista. A novidade foi anunciada ao mundo pelo última jornal de campanha do PS de Santarém, onde não falta um poema de apoio de Vicente dedicado ao candidato do PS à Câmara de Santarém, Manuel Afonso (afinal, ainda há gratidão neste mundo!).

A maior parte do eleitorado não se recordará da história que envolve o ex-autarca, já com alguns aninhos, mas os mais atentos não deixaram de estranhar esta arrojada aposta socialista num homem condenado a cinco anos de prisão, mesmo que com pena suspensa, por desviar uns trocos da autarquia. Pois onde outros vêem falta de vergonha, desplante e insensatez perante essa decisão, eu descortino bondade, generosidade, humanismo.

A doutrina cristã advoga que errar é humano e perdoar é divino; e o PS de Santarém, pelos vistos, está imbuído desses ensinamentos até ao tutano e demonstra-o reabilitando o ex-autarca para a política. E sem sectarismos. É que Diamantino Vicente até era do PSD. Além disso, e do ponto de vista meramente resultadista, o facto do homem já ter sido condenado não lhe cerceia as possibilidades de vencer as eleições, tendo em conta antecedentes como o de Isaltino Morais em Oeiras. Antes pelo contrário...

Saudações eleitorais do Serafim das Neves

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