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André Antunes: “Há empresários que olham para o Estado como se fosse um bicho papão”
André Antunes gere uma empresa de consultoria focada na contabilidade, marketing e apoio a startups

André Antunes: “Há empresários que olham para o Estado como se fosse um bicho papão”

André Antunes, 36 anos, proprietário da AA Consulting.

Nasceu em Cascais e escolheu o Ribatejo para viver e trabalhar. Licenciado em contabilidade e administração abriu há quatro anos a sua empresa de consultoria, no centro de Santarém, onde trabalha com mais seis profissionais. André Antunes não gosta que o tratem por doutor e lidera pelo exemplo. Filhos nem pensar e chegar atrasado a algum compromisso é o seu pior pesadelo.

Resido em Azambuja e escolhi Santarém para fazer a minha mudança de vida. Nasci em Cascais e fiz todo o meu percurso académico e profissional na Grande Lisboa. Depois de passar por várias empresas, onde trabalhei na área da contabilidade decidi, em 2017, dar o salto e criar a AA Consulting.

A contabilidade tem de ser cada vez mais desmaterializada e apostar na digitalização. Já está desajustada a ideia de um gabinete de contabilidade cheio de papelada. Um empresário em início de carreira tem que dar 200 por cento, mesmo que a sua vida pessoal seja sacrificada. São as chamadas dores de crescimento.

Era o típico betinho de Cascais, mas porreiro. Sou um homem apegado à família. O meu pai, que faleceu em 2018, foi toda a vida o meu melhor amigo. O meu humanismo devo-o a ele, o rigor devo-o à minha mãe. Ter filhos não está nos meus planos. Não era capaz de trazer um novo ser ao mundo só porque a sociedade nos instiga a fazê-lo.

Fazer voluntariado no Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa fez-me crescer emocionalmente. Foi duro mas foi lá que aprendi a lidar com as minhas emoções e a relativizar os meus problemas. Hoje sou padrinho do filho de uma ex-doente, que se tornou grande amiga.

Sou obstinado com as horas. Tenho que ser pontual a chegar a algum compromisso e na hora das refeições. Valorizo a lealdade e não gosto de pessoas que falam de peito cheio. Não tenho vícios e não saio de casa sem me ver ao espelho. Tenho que olhar e pensar se o que vesti naquele dia se enquadra com o meu estado de espírito.

Os jovens empresários são hoje mais conscientes dos encargos que vão ter ao abrir uma empresa. Ainda assim, quando nos procuram apostamos em dar-lhes o melhor enquadramento possível sobre os custos fixos, variáveis e impostos. As pessoas têm que perceber que trabalhar mais não é sinónimo de produzir mais. Quando assim é, a qualidade sai prejudicada.

Há empresários que olham para o Estado como se fosse um bicho papão. Esquecem-se que não temos só direitos e que para a máquina da economia funcionar é preciso alimentá-la. Se as empresas não tiverem trabalhadores que vistam a mesma camisola nunca chegarão ao nível de sucesso desejado. Na minha empresa o doutor cai à porta. Cá dentro somos todos colegas que trabalham para um objectivo comum.

O melhor marketing numa empresa é a sua reputação. É lógico que temos que criar ferramentas que aliciem e convençam que somos bons no que fazemos. Mas não basta parecer, temos que prestar efectivamente um bom serviço.

Já fui praticante de karaté, agora estou inscrito no ginásio, mas se for lá uma vez por mês é muito. Tento compensar o meu corpo com passeios de bicicleta pela vila de Azambuja. Gosto de estar com amigos, mas sou a minha melhor companhia. Temos que aprender e gostar de estar connosco para conseguirmos dar o melhor de nós aos outros. Se a minha vida fosse um filme seria “O Último Samurai”. Independentemente das dificuldades que possam surgir na vida, o importante é não desistir até atingirmos os nossos objectivos.

Santarém surpreendeu-me pela positiva. Gosto do ritmo da cidade, se bem que podia ser mais acelerado. Tenho a ideia que as pessoas que vivem na cidade fazem a sua vida fora dela quando deviam contribuir para a sua dinâmica.

André Antunes: “Há empresários que olham para o Estado como se fosse um bicho papão”

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