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Escola de Toureio José Falcão é uma aprendizagem para a vida
Dezenas de jovens da Escola de Toureio José Falcão sonham tornar-se toureiros profissionais e conquistar as praças de Portugal e Espanha

Escola de Toureio José Falcão é uma aprendizagem para a vida

A antiga Escola da Armada, em Vila Franca de Xira, recebe todas as semanas dezenas de jovens que ambicionam pisar a arena como toureiros profissionais. Victor Mendes, glória do toureio a pé, é um dos “maestros” e explica a O MIRANTE que o conceito da escola não é só ensinar a arte do toureio, mas também ensinar valores e princípios que desenvolvam o espírito de cidadania nos alunos.

Aprender a tourear com capote, muleta ou executar uma sorte de bandarilhas são algumas das técnicas que se aprendem na Escola de Toureio José Falcão, em Vila Franca de Xira. No entanto, ensina-se muito mais do que isso; o respeito pela cultura e pelo outro, a ambição, o método e a capacidade de superação são valores e princípios que a escola procura transmitir às dezenas de jovens que frequentam, quatro vezes por semana, o salão de treino nas instalações da antiga Escola da Armada.

A sessão começa normalmente com uma corrida que pode ir até aos cinco quilómetros e que é realizada por grupos sem respeitar faixas etárias; pelo contrário, o objectivo é promover a interacção entre os mais novos e mais velhos para estimular a prática do ensino e da aprendizagem. Cerca de meia hora depois os alunos entram no pavilhão que, em dias de calor, chega a atingir temperaturas acima dos 25 graus, para aprender as várias técnicas do toureio a pé, ensinadas pelos maestros Victor Mendes e António João Ferreira, dois matadores de toiros que conquistaram as praças, sobretudo em Espanha e Portugal.

O MIRANTE assistiu a um treino da Escola de Toureio José Falcão que tem nos alunos Duarte Silva e Gonçalo Alves, ambos com cerca de 20 anos, duas das grandes promessas portuguesas do toureio a pé. Há cerca de um mês Gonçalo Alves cortou duas orelhas com saída em ombros em Uceda, Espanha, e Duarte Silva triunfou nas novilhadas realizadas no primeiro fim-se-semana de Setembro na Palha Blanco, em Vila Franca de Xira. Leonardo, que ainda está a dar os primeiros passos mas já se adivinha um futuro risonho à sua frente, toureou pela primeira vez em público em Berja, Espanha, e triunfou, dando uma categórica volta à arena.

“QUEREMOS SER UMA ESCOLA DE VIDA”

Victor Mendes é um professor exigente que não abdica de dar um “puxão de orelhas” se for para melhorar o comportamento do aluno. Ensina com proximidade e sai tão transpirado das aulas como os jovens. A O MIRANTE diz que a única forma de transmitir entrega e paixão pela arte do toureio é sendo exigente e dando o exemplo. “O nosso objectivo é formar homens e ser uma escola de vida; queremos transmitir valores, carisma e personalidade. Sabemos que é preciso tempo para o conseguir porque as coisas não caem do céu e, por isso, tem de haver método, respeito, ambição e muita vontade de superação”, sublinha.

Victor Mendes refere que o mundo tauromáquico é extremamente elitista e para se chegar ao topo é preciso muita resiliência. Ainda assim, a escola tem conseguido dinamizar muitos jovens como nem algumas equipas de futebol o conseguem fazer. “Não é uma tarefa fácil, mas temo-lo conseguido com muito trabalho. Não discriminamos ninguém, por isso temos miúdos de várias faixas etárias diferentes, pertencentes a diferentes extratos sociais. Isso orgulha-nos. Vamos continuar a investir na reintegração de jovens que passam por dificuldades familiares na sociedade. Queremos que esta escola seja uma saída para eles”, vinca, acrescentando que cerca de 60% dos toureiros e matadores de toiros portugueses no activo portugueses passaram pela Escola de Toureio José Falcão.

À margem

O Afonso, de 9 anos, e a sua alegria contagiante

Ao “Quiebro”, ao “Relance” ou “Desde o Estribo” são sortes de bandarilhas que o menino Afonso, que ainda não completou uma década de vida, sabe como ninguém. Os movimentos do seu corpo a tourear ainda não têm a coordenação desejada, mas a vontade de aprender, e de ensinar, é incontestável. Afonso é a mascote, no bom sentido da palavra, da Escola de Toureio José Falcão. É ele que torna um bocadinho mais leve o ambiente onde a dureza e a exigência são fundamentais para a aprendizagem. No dia da visita do repórter de O MIRANTE fez questão de realizar uma visita guiada para mostrar as ferramentas utilizadas pela escola para simular a lide de um toiro. “Obrigou” o jornalista a andar de tourinha na mão para o ajudar a treinar; ensinou-o a espetar bandarilhas num pneu de camião velho e a tourear de capote e muleta. Algumas vezes, sempre que o repórter deitava os bofes pela boca, avisava que o maestro Victor Mendes podia estar a olhar e que as consequências de baixar os braços podiam ser dramáticas. Todos os alunos da Escola de Toureio José Falcão gostam do Afonso porque a sua presença é sinónimo de alegria e boa-disposição.

Escola de Toureio José Falcão é uma aprendizagem para a vida

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