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Avarias no açude de Abrantes comprometem estudo sobre a migração dos peixes no rio Tejo
O investigador Bernardo Quintella vai voltar a Abrantes para concluir avaliação das condições do açude para a passagem de peixes

Avarias no açude de Abrantes comprometem estudo sobre a migração dos peixes no rio Tejo

A Câmara de Abrantes vai pagar mais cerca de 39 mil euros para uma segunda fase da investigação com lampreias, equipadas com aparelhos retransmissores, para avaliar se o sistema passa-peixe do açude de Abrantes cria dificuldades às espécies para subirem o rio. Isto depois de em 2017 o estudo ter ficado comprometido com a pesca de lampreias equipadas com os dispositivos electrónicos e de avarias no açude. Até agora o estudo já vai em 61.830 euros, mais IVA.

O estudo iniciado em 2017 para avaliar se as lampreias conseguiam passar o açude de Abrantes, através da escada passa-peixe, não chegou a qualquer conclusão. A Câmara de Abrantes vai agora, passados mais de três anos, retomar o estudo, com uma segunda fase contratada à FCiências.ID, uma associação de que faz parte a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, pela qual vai pagar perto de 38.830 euros, acrescidos de IVA. A primeira tentativa para se perceber se existem defeitos e quais no passa-peixe, através de lampreias equipadas com aparelhos transmissores, foi boicotada pelas avarias no açude, a captura de lampreias com os dispositivos pelos pescadores e pela alteração dos caudais do Tejo.

Há quatro anos o estudo, coordenado pelo investigador Bernardo Quintella, que agora vai voltar a Abrantes, tinha custado à câmara 23 mil euros mais IVA. O presidente do município, Manuel Valamatos, diz a O MIRANTE que durante o estudo previu-se logo uma segunda fase, que aliás foi sugerida pelos investigadores perante as adversidades que estavam a condicionar a investigação. Várias lampreias, como admite o autarca, foram apanhadas nas redes dos pescadores, a jusante do açude. Apesar de os aparelhos terem sido devolvidos pelos pescadores não foi possível obter dados destes peixes. Em Março de 2017 O MIRANTE noticiou uma dessas situações em que o pescador Fernando Domingos apanhou um exemplar do estudo na Azinhaga, concelho da Golegã.

A “avaliação da transponibilidade do açude insuflável de Abrantes à migração piscícola”, é assim que se chama o estudo, coincidiu com um período em que as comportas estiveram em baixo, devido a uma avaria, durante o período de migração das espécies para montante do rio, salienta a O MIRANTE Bernardo Quintella. O investigador salienta que esta circunstância afectou o comportamento dos peixes e por isso foi sugerida uma segunda fase “depois de assegurarem a reparação das comportas” e do retomar do normal funcionamento do açude.

No final do ano passado a autarquia decidiu avançar para uma segunda fase que, refere Manuel Valamatos, também esteve condicionada por causa da pandemia. Na altura já havia condições para a realização do estudo após a construção de um canal junto à margem esquerda na zona da passagem para peixes, mas registou-se mais uma avaria numa das comportas insufláveis e o estudo ficou suspenso. O presidente do município pretende que agora a avaliação possa ser concluída para que sejam apontadas soluções para o sistema passa-peixes no caso de se verificar que as lampreias têm dificuldade em passar, já que há a indicação que outras espécies do rio, como a tainha, conseguem subir o rio.

Manuel Valamatos diz a O MIRANTE que no caso de haver problemas com o passa-peixe uma das ideias que existe é a possibilidade de fazer-se uma rampa, como já foi feito em outros sistemas. O autarca realça que pode haver outras situações que têm influência na subida dos peixes para a desova a montante, como o facto de o comportamento do rio se ter alterado e de o açude “não estar projectado para caudais do Tejo tão baixos”, como se têm verificado nos últimos tempos.

Em 2017 o estudo envolvia 20 lampreias com transmissores implantados na barbatana dorsal. Na altura o investigador explicou que esta espécie foi escolhida porque tem “uma capacidade nadatória inferior às outras espécies” e se se verificar que as lampreias passam então também os outros peixes conseguem subir o rio. O prazo de execução da chamada segunda fase do estudo, segundo o contrato, é de um ano.

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