Quem visita o Borboletário Tropical de Constância, situado no Parque Ambiental de Santa Margarida, fica deslumbrado com a possibilidade de estar em contacto directo com dezenas de borboletas de várias espécies. A concepção de um pequeno ecossistema artificializado, em ambiente quente e húmido, permite observar o ciclo de vida dos pequenos insectos, assim como os seus comportamentos e a sua beleza diversificada.

Apesar de pequeno em dimensão o espaço tem habitualmente cerca de uma centena de borboletas, de 15 espécies, para observar. Uma das razões para tanta diversidade reside no facto de ser necessário, a cada três semanas, introduzir novos exemplares para que não existam problemas de consanguinidade.

Tiago Lopes, engenheiro de Recursos Naturais e Ambiente e responsável pela coordenação do parque ambiental, explica a O MIRANTE que se tentou replicar um ambiente tropical, com uma temperatura média que varia entre os 20 e os 30 graus, e humidade relativa acima dos 80%, com a presença de plantas de várias espécies que facilita a sua reprodução.

No dia da visita do nosso jornal as borboletas tinham maioritariamente cor preta, amarela e azul. Tiago Lopes revela que as cores dos insectos variam consoante a reprodução das que estão no espaço e da introdução de novos exemplares, que é feita preferencialmente a cada duas ou três semanas. As borboletas que se reproduzem com mais facilidade são da espécie asiática Papilio Lowe e as que têm mais dificuldade são da espécie Imperador Azul, originária do Brasil.

O coordenador esclarece ainda que a maioria das espécies são oriundas da América Central, América do Sul, Sudeste Asiático e África, acrescentando que, em qualquer época do ano, é possível observar as quatro fases do seu ciclo de vida: ovo, lagarta, crisálida e borboleta.

O Borboletário Tropical de Constância já tem oito anos de existência e, depois de um crescimento notório de ano para ano, começa agora a entrar em velocidade cruzeiro. Durante o ano de 2019, antes da pandemia, o espaço recebeu mais de 16 mil visitantes, sendo que o parque ambiental teve mais de 30 mil visitas. “O nosso objectivo é conquistar todo o tipo de público, não só o escolar como tem sido apanágio. O nosso borboletário é único no país e queremos que famílias, turistas e amantes da fotografia o visitem durante todo o ano”, afirma Tiago Lopes. Muitas pessoas repetem meia dúzia de vezes a visita ao borboletário porque sabem que vão encontrar novas espécies e detalhes que não encontraram das outras vezes.

O borboletário tem cinco funcionários que acompanham e explicam todo o processo aos visitantes. A sensibilização de crianças e adultos é um dos pontos chaves do projecto e isso tem sido alcançado desde o início. “As visitas são acompanhadas e acabamos por salientar a importância dos insectos em geral uma vez que estão na base da cadeia alimentar e servem de alimento a outros que sustentam os ecossistemas”, diz. Além disso, alertam também para o facto de contribuírem para a polinização, que é essencial para que haja vida no planeta.

Em relação aos custos de manutenção Tiago Lopes garante que as receitas da bilheteira são mais do que suficientes para suportar as despesas.

20 anos de parque ambiental

O Parque Ambiental de Santa Margarida vai comemorar 20 anos em 2022. Por isso, a agenda anual está a ser preparada com pompa e circunstância, onde não vão faltar projectos relacionados com a cultura e o ambiente. “Vamos implementar um circuito de poesia e ilustração. Será uma actividade permanente onde vamos criar estruturas que permitam circular no parque com um guião onde as pessoas vão ser desafiadas a realizar um trabalho artístico. O projecto está a ser idealizado com a ilustradora Marina Palácio, que tem raízes em Malpique” adianta Tiago Lopes.

Para além deste projecto, o parque ambiental vai continuar a organizar actividades relacionadas com a natureza, nomeadamente percursos pedestres e pequenos eventos anuais que envolvem toda a comunidade. Em Novembro há a iniciativa Aromas e Sabores da Natureza, que convida as pessoas a visitar o parque e a provar chás de plantas ali produzidas e também doces produzidos por várias pessoas do concelho de Constância. A Feira da Primavera também está de volta assim como os circuitos de observação de borboletas nocturnas e os passeios pedestres.