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Esgotos do canil intermunicipal de Parceiros de Igreja correm a céu aberto

Maus cheiros são cada vez mais frequentes e intensos no centro da aldeia, onde ainda se vive sem saneamento básico. Câmara de Torres Novas reconhece o problema que só se resolve quando fizerem os esgotos.

Moradores da aldeia de Parceiros de Igreja, concelho de Torres Novas, reclamam do cheiro a esgoto e descargas de efluentes a céu aberto provenientes do canil intermunicipal, que serve os concelhos de Alcanena, Torres Novas, Entroncamento e Vila Nova da Barquinha. O excesso de melgas e mosquitos nos meses de maior calor e o ruído dos animais também é motivo de crítica.

“Sempre que limpam as casotas corre tudo a céu aberto”, por não haver ligação à rede de saneamento, começa por referir José Vieira. “Nem podia haver, porque vieram construir um canil sem condições numa aldeia sem saneamento básico”, explica o morador, Nuno Abreu, cujo irmão é proprietário do terreno em frente ao canil, para onde é lançada parte dos efluentes.

Os dois moradores concordam que o equipamento nunca deveria ter sido construído no local e que o canil estava bem era na zona industrial de Torres Novas, onde existe uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Nuno Abreu realça que a construção do canil que foi anunciada como “um hotel canino”, mas que “não dignifica os animais”.

Depois de terem começado as queixas de maus cheiros sentidos no centro da aldeia, a cerca de 300 metros do canil, passaram a tapar as águas poluídas, cheias de dejectos com pedras, diz Luís Jeremias, lamentando que esta solução não resolve nada. No local são novamente visíveis os efluentes na área coberta de pedra.

O presidente da Junta da União de Freguesias de Brogueira, Parceiros de Igreja e Alcorochel, Manuel Júnior, diz que tem insistido com o município de Torres Novas para encontrar uma solução. Para o autarca há três possibilidades: alargar a fossa séptica do canil para o dobro, colocar esgotos em Parceiros de Igreja ou retirar o canil da localidade. Mas já não seria mau se despejassem as fossas mais vezes, salienta Manuel Fernando, que evita passar perto do canil nas suas caminhadas.

Contactado por O MIRANTE, o vereador na Câmara de Torres Novas, responsável pela gestão do canil, Carlos Ramos, reconhece o problema que, segundo diz, só terá solução quando o sistema de saneamento da Águas do Ribatejo chegar à localidade. O que tem acontecido, explica, é que com o aumento do número de animais errantes, as boxes têm sido lavadas mais vezes, o que faz com que as fossas de contenção transbordem e criem um reservatório de dejectos a céu aberto. As fossas, acrescenta, são limpas quinzenalmente por uma empresa especializada.

O equipamento há muito que deixou de ter espaço para a quantidade de animais provenientes de quatro concelhos, estando em cima da mesa a sua ampliação para terrenos contíguos, que são propriedade da junta de freguesia. “Se assim for vamos sofrer ainda mais, quando isto já é a vergonha da aldeia”, afirma José Vieira. De acordo com Carlos Ramos, está ainda prevista a criação de uma associação intermunicipal com o objectivo de elaborar uma candidatura a fundos comunitários para a ampliação, melhoramentos e criação de novas valências no canil, bem como a constituição de um centro de treino para cães.

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