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Habitantes da Pereira sentem-se desprezados pela câmara
Moradores querem acesso a saneamento e uma revisão no PDM

Habitantes da Pereira sentem-se desprezados pela câmara

Moradores insistem que município não quer saber da aldeia que continua sem ter saneamento básico e tem parte do seu património degradado. Grupo informal Acção Pereira em guerra com associação local por terem impedido a publicação de imagens da aldeia nas redes sociais.

Os moradores da Pereira, aldeia pertencente à freguesia de Santa Margarida da Coutada, no concelho de Constância, estão revoltados com o desprezo e indiferença do município para com quem vive na localidade. Há vários anos que os habitantes, que neste momento já são menos de três dezenas, têm lutado para que a aldeia tenha acesso a saneamento básico e que a revisão do PDM (Plano Director Municipal) abra janelas para que os proprietários locais possam investir no desenvolvimento da aldeia.

Recorde-se que o presidente da câmara, Sérgio Oliveira (PS), disse na assembleia municipal de Janeiro de 2021 que os problemas da Pereira não vão ser resolvidos a breve prazo uma vez que a autarquia vai investir na solução do problema do emissário que faz a ligação dos esgotos de Constância à ETAR do Caima.

O problema é que, segundo Rui Pires, responsável pelo grupo informal Acção Pereira, a aldeia não tem só estas questões por resolver. O morador, que gostava de investir na localidade e no seu desenvolvimento, revela um conjunto de obstáculos que precisam de ser resolvidos para voltar a dar dignidade à aldeia.

“Parte do património cultural, como a Fonte da Ti Ana, repleta de histórias e que podia ser um local de convívio de eleição, está completamente abandonada e entregue aos bichos; há falta de iluminação e de caixotes do lixo na rua; os bancos de jardim estão todos por pintar; sinto que estão a fazer tudo o que é possível para apagar a Pereira do mapa”, lamenta a O MIRANTE.

Para Rui Pires o maior problema continua a ser o facto de a aldeia não ter saneamento básico, embora se continue a pagar taxa de saneamento como se os habitantes usufruíssem do serviço. “Conheço famílias que gostavam de fazer vida aqui, mas ninguém está disposto a viver com esgotos domésticos a céu aberto e que drenam para uma ribeira que, a cada ano que passa, está mais poluída”, sublinha, acrescentando que “viver no interior dos concelhos do interior é cada vez mais complicado”.

Recorde-se que, em 2018, a Câmara de Constância viu aprovada uma candidatura a fundos comunitários, na ordem dos 280 mil euros, para a construção da rede de saneamento da Pereira. O projecto não avançou porque havia terrenos que não estavam registados em nome dos actuais proprietários. Rui Pires recorda que a autarquia nunca quis falar com os proprietários dos terrenos para legalizarem a situação.

EM GUERRA COM ASSOCIAÇÃO LOCAL

Rui Pires conta que o grupo Acção Pereira recebeu, em 2018, um ofício da associação local Os Quatro Cantos do Cisne a solicitar que não se divulgassem e até se removessem conteúdos referentes a património e paisagens da localidade. “Ficámos constrangidos e preocupados com a situação e sentimo-nos limitados no nosso papel de promover a aldeia e o que tem de melhor para oferecer, apesar de grande parte das coisas estarem em más condições. Pedimos a intervenção do presidente, mas até hoje nunca tomou posição, o que demonstra o seu desprezo para com esta localidade e o consentimento perante uma tentativa de censurar a liberdade de expressão”, vinca.

O grupo informal insiste na missão de garantir melhores condições para a aldeia e, por isso, vai organizar uma reunião a 7 de Outubro onde vão ser discutidos, entre outros pontos, a invasão de propriedades e sua divulgação por parte de uma comitiva em campanha eleitoral autárquica na Pereira e definição de posição em relação à inversão e estagnação do projeto de saneamento básico e da continuada ausência de correcções/compensações referentes ao Plano Director Municipal.

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