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João Oliveira: “A falta de condições de trabalho é uma barreira para muitos médicos”
João Oliveira é um médico apaixonado por viagens que sonha ter uma família grande

João Oliveira: “A falta de condições de trabalho é uma barreira para muitos médicos”

João Oliveira, 33 anos, director clínico da Oliveirasaúde em Benavente

Desde pequeno que queria ser médico para poder cuidar dos outros e logo que teve essa chance ingressou em medicina. João Oliveira, director clínico da Oliveirasaúde, em Benavente, é um filho da terra que gosta das suas gentes e que defende que o concelho tem tido o crescimento necessário para não prejudicar a qualidade de vida.

Os médicos portugueses são muito procurados no estrangeiro por termos uma grande formação em Portugal. Vivemos num mercado único e num país onde os salários não aumentam e as condições não são as melhores. É normal que alguns médicos procurem trabalhar noutros países da União Europeia. A nossa medicina sofre um pouco com isso.

Um dos problemas graves que vivemos é o facto dos médicos não estarem bem distribuídos e aproveitados. Em Portugal batemos todos os parâmetros comparativamente com os outros países no que toca à burocracia. Os nossos médicos são muito desaproveitados porque passam o tempo a preencher procedimentos. É algo que é alheio aos médicos mas que depois faz com que se perca tempo e não se consiga dar uma melhor resposta aos utentes.

A falta de condições de trabalho é uma barreira para muitos médicos. Seja porque os programas informáticos não funcionam ou porque há imensa burocracia para preencher em vez de estarmos a atender os pacientes. E os utentes a culpa é sempre nossa, porque nós é que damos a cara e lidamos com a frustração das pessoas, que depois passa a ser a nossa frustração por não conseguirmos fazer melhor.

Quando ainda estudava medicina cheguei a pensar emigrar. Foi depois de ouvir o discurso do bastonário da Ordem dos Médicos que nos dizia para irmos para fora por não haver boas condições em Portugal. Já tinha feito Erasmus na República Checa e decidi ficar por cá. Acabei por constatar que havia oportunidades de trabalho e muitas ofertas. Nunca mais pensei sair. Entretanto constituí família e não me vejo a viver em mais lado nenhum do mundo.

Desde pequeno que queria ser médico e ajudar a cuidar dos outros. Entrei no curso de medicina da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e enveredei pela área da Ortopedia. Sou especialista em ortopedia e traumatologia e perito em dano corporal, que engloba as questões dos acidentes de trabalho e de viação, nomeadamente a sua avaliação para efeitos de, por exemplo, reformas por invalidez. Sou director clínico da Oliveirasaúde, clínica que abri há quatro anos com o meu irmão.

A clínica tem vindo sempre a crescer, mais até do que estávamos à espera. Foi muito positivo e sentimos que a comunidade precisava de nós. Temos hoje pacientes do país inteiro, de Coimbra a Évora. Procuram aqui as soluções que não encontram noutros sítios e que nós conseguimos, felizmente, resolver na sua maioria.

O que mais gosto em Benavente é das pessoas. Temos uma terra e um país fantástico. Sempre que vou de viagem dou mais valor ao país que temos. Vamos a locais lindíssimos pelo mundo e percebemos que em Portugal também os temos. Em Benavente temos uma terra muito bonita e um concelho muito cuidado. A parte urbana tem conseguido coabitar muito bem com a natureza. Basta dar dois passos fora da vila e estamos em sítios lindíssimos e perto de tudo. Estamos no celeiro de Portugal.

Não concordo quando se diz que Benavente parou no tempo. Temos uma vila muito bonita e não crescer muito também tem os seus benefícios. Temos crescido devagar e isso é bom para a vila, nunca se descaracterizou e continua a ser uma vila linda como espero que continue a ser. E não nos podemos esquecer da festa da amizade que é um marco anual importante. Tenho o privilégio de fazer o que mais gosto e de o poder fazer na terra que me viu nascer.

Um dos meus sonhos é ter mais filhos e constituir uma família grande. Vou a caminho do segundo filho. Sempre gostei muito de viajar embora ultimamente não o tenha feito. Quero muito mostrar o mundo aos meus filhos e viver o dia-a-dia. Sou muito optimista e acredito que apesar de todos os problemas e alterações climáticas vamos conseguir deixar o mundo um pouco melhor para eles. Cada geração que chega tem uma melhor qualidade de vida e isso é bom. Claro que isso tem um preço e cada vez mais a nossa pegada ecológica é maior, mas são os desafios a que teremos de saber responder.

A dor é muito desafiante. Felizmente temos hoje maneiras de a tratar que não tínhamos no passado. Os pacientes cada vez menos precisam de viver com dor. Ela é muito incapacitante, até em termos psicológicos, pois acaba por afectar a vida do doente. Uma pessoa com dor é mais impaciente e dá menos valor ao seu dia a dia porque a dor concentra toda a sua atenção.

João Oliveira: “A falta de condições de trabalho é uma barreira para muitos médicos”

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