Quem esperava um arranque tímido da Feira de Outubro em Vila Franca de Xira enganou-se. Mesmo com a pandemia ainda por aí, pouco parece ter mudado nas tradições da Cidade, com milhares de pessoas a acorrer às ruas e a formar-se o rebuliço habitual e caótico na Estrada Nacional 10 sempre que há esperas de toiros. Não fossem as máscaras no rosto e não se diria que se vive sob o flagelo da Covid-19.

As esperas pelas ruas têm sido um dos atractivos da feira, em particular aos fins de semana, com as principais artérias da cidade a ficarem cheias de aficionados. O segundo dia de esperas, domingo, 3 de Outubro, foi disso exemplo, com grande moldura humana por toda a cidade, incluindo no parque urbano do Cevadeiro, onde decorre o salão de artesanato.

As recentes directivas da Direcção-Geral da Saúde permitiram à organização aumentar a entrada em simultâneo no pavilhão a 250 pessoas, em vez das 100 inicialmente previstas. Mas continua a haver medição da temperatura, percursos delimitados no interior do pavilhão e certificados digitais para aceder ao espaço.

A abertura simbólica do certame decorreu na tarde de sexta-feira, 1 de Outubro, pelo presidente do município, Alberto Mesquita. Não faltaram também o presidente recém-eleito, Fernando Paulo Ferreira, a deputada Maria da Luz Rosinha e vários presidentes de junta, como João Santos de Vila Franca de Xira e Mário Cantiga, da União de Freguesias de Alhandra, São João dos Montes e Calhandriz.

“É com particular alegria que depois de tudo o que passámos estamos novamente aqui reunidos a celebrar a feira. Procurámos compensar todos os vilafranquenses e quem nos visita com uma feira mais prolongada que o habitual”, afirmou Alberto Mesquita, naquela que será a última feira que inaugura na qualidade de presidente. Admite que vai ter saudades mas que a vida é feita de mudanças. “Tudo isto tem um significado especial para mim”, afirmou.

“Sabe muito bem estar de volta”

E para a centena de artesãos presentes, vindos de todo o país, também. Muitos esperam que o regresso a Vila Franca de Xira seja um balão de oxigénio para as contas depois de ano e meio de reclusão. Para 21 artesãos é a primeira vez que visitam a cidade. “A pandemia foi má para todos mas a esperança é que Vila Franca nos ajude e traga bons negócios”, confessa Manuel Heitor, de Abrantes.

Apesar das medidas de controlo sanitário não houve redução do número de bancas. As tasquinhas voltaram a encher e as animações a captar a atenção de miúdos e graúdos. “Parece que não tínhamos feira há dezenas de anos. Sabe muito bem estar de volta e só esperamos que seja uma lufada de ar fresco para a carteira”, diz com humor Rodrigo Pedro, um dos feirantes, a O MIRANTE.

Para Marília Bento, que veio com o marido visitar o salão, a mais-valia é para a mente. “Precisávamos de desanuviar e estou muito feliz que tenham voltado a fazer a festa. Com toda a gente vacinada há menos riscos e as pessoas precisam disto, de viverem novamente”, confessa.