A Casa do Povo de Alcanena (CPA) é uma das referências no atletismo da região ribatejana com centenas de títulos conquistados, a nível individual e colectivo. A associação já teve diversas modalidades federadas, mas há vários anos que a aposta passou a incidir exclusivamente no atletismo. Todos os elementos que compõem os órgãos sociais da CPA estão ligados à modalidade, sendo que grande parte são atletas, ex-atletas e pais de actuais atletas, condição imposta desde que Paulo Constantino assumiu a presidência da colectividade há cerca de duas décadas.

O dirigente explica a O MIRANTE que o clube é “feito por atletas, com atletas e para os atletas” e que são eles que devem ser a alavanca para a conquista de bons resultados. A associação já teve cerca de uma centena de atletas federados, mas a pandemia condicionou o trabalho de captação de jovens e fez com que muitos deles abandonassem temporariamente o projecto. “A nossa actual missão é recuperar os atletas que estiveram parados e preparar os que chegaram para que a próxima época desportiva seja bem sucedida. Não há objectivos definidos, é como se fosse o ano zero”, afirma.

A Casa do Povo de Alcanena tem um protocolo com o município que atribui verbas por cada atleta inscrito e federado. Caso haja bons resultados nas competições em que participam, nomeadamente atletas medalhados, a autarquia reforça o apoio com verbas extraordinárias. Os prémios, refere Paulo Constantino, são um factor que serve de motivação e a prova disso é que a CPA é tricampeã distrital de absolutos, tricampeã de pista coberta e o clube com maior número de Taças de Portugal de Provas Combinadas. Também já conquistaram o segundo e terceiro lugares nos nacionais de juvenis e juniores.

“São resultados dignos de registo para uma associação que tem cerca de dez mil euros de orçamento anual. Podíamos atingir voos mais altos se conseguíssemos que o tecido empresarial do concelho apostasse no desporto, mas ainda é difícil quando se trata de atletismo”, sublinha.

NO ATLETISMO DA CPA HÁ LUGAR PARA TODOS

Por ser uma modalidade com várias disciplinas a CPA olha para o atletismo como um desporto de inclusão e integração de todos os jovens sem excepção. “Quem não for um bom velocista pode ser um excelente lançador; quem não for um excelente lançador pode ser um óptimo barreirista ou um marchador nato”, explica o dirigente, que tem mais de quatro décadas de experiência a descobrir e a trabalhar jovens talentos.

Mais difícil do que encontrar bons atletas é recrutar treinadores competentes, diz. No seu ponto de vista, um técnico tem que ser sensível e compreensivo e ter como prioridade formar o atleta como pessoa. “Muitas vezes os treinadores acabam por exigir demasiado dos jovens a nível físico, técnico e psicológico. Considero mais importante, numa fase inicial, conseguir estabelecer rotinas e fazê-los gostar de fazer desporto e conviver. Não queremos formar máquinas, a cidadania é determinante para o sucesso de um projecto desportivo num concelho como o de Alcanena”, vinca.

O envolvimento dos pais também tem sido um factor determinante na evolução da modalidade. No dia da reportagem O MIRANTE conheceu Arcílio Batata e Marco Vitorino, que já foram atletas da CPA e actualmente dão apoio aos filhos que são promessas seguras do clube. “A alma do associativismo é a partilha de momentos entre dirigentes, treinadores, atletas e pais. Se remarmos todos para o mesmo lado vamos conseguir formar jovens dinâmicos, saudáveis e competitivos”, assegura, acrescentando que espera nos próximos dois anos ter atletas a competir de novo em provas internacionais.

Uma vida dedicada ao desporto em Alcanena

Paulo Constantino, 57 anos, é presidente da Casa do Povo de Alcanena, responsável pela secção de atletismo, treinador e atleta veterano. É funcionário da Câmara de Alcanena assumindo o cargo de coordenador das Piscinas de Minde. Está ligado ao atletismo desde os 14 anos e confessa que o desporto sempre foi a sua paixão e que o exercício físico é um vício que vai manter até que a saúde o permita. O seu primeiro amor foi o basquetebol, diz, mas assim que começou a praticar atletismo nunca mais quis outra coisa.

Marcou presença em mundiais de veteranos em Málaga, Espanha, competindo na disciplina de decatlo. Em 2019 voltou a competir nos europeus de veteranos em Veneza, Itália, na mesma vertente. No ano de 2020 a pandemia estragou-lhe os planos mas em 2021 voltou em grande tendo participado nos distritais de Santarém nos 5.000 metros em marcha atlética.