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Columbofilia já foi o terceiro desporto mais praticado mas tem vindo a perder adeptos
António Gonçalves, José Gonçalves e Luís Duques são membros da direcção da Associação Columbófila do Distrito de Santarém que tem mais 40 anos de existência

Columbofilia já foi o terceiro desporto mais praticado mas tem vindo a perder adeptos

No último quarto de século o número de praticantes de columbofilia caiu de 17 mil para cerca de 8 mil. A Associação Columbófila do Distrito de Santarém trabalha para fugir à tendência e conta actualmente com mais de seis centenas de federados. O MIRANTE conversou com a direcção da colectividade que tem mais de quatro décadas de vida e que afirma querer continuar a ser uma referência no associativismo da região.

A columbofilia já foi uma das modalidades mais praticadas em Portugal mas nos últimos 25 anos tem registado uma descida acentuada no número de praticantes. Segundo dados da PORDATA, em 1996 era a terceira modalidade mais praticada no país, com cerca de 17 mil praticantes federados. Em 2021 conta com cerca de 8 mil praticantes, sendo que 620 pertencem ao distrito de Santarém, de acordo com os números da Associação Columbófila do Distrito de Santarém. António Gonçalves, presidente da colectividade sediada em Torres Novas, afirma que este ano foram recenseados 31 mil pombos-correio no distrito, mas a estimativa é que existam cerca de 100 mil, uma vez que a maioria não compete e é apenas usada para criação.

A Associação Columbófila do Distrito de Santarém tem mais de quatro décadas de existência. António Gonçalves é columbófilo há mais de 20 anos. José Gonçalves, vice-presidente, está ligado à columbofilia há meio século, assim como Luís Duque, vogal do conselho técnico da associação. Os três dirigentes receberam O MIRANTE para falar sobre um desporto que, na sua opinião, tem perdido significado devido à falta de interesse dos mais jovens.

António Gonçalves reconhece que os jovens mudaram de hábitos e que cada vez é mais difícil convencê-los a sair da frente dos ecrãs para participarem na vida associativa. O facto da columbofilia não ser um desporto mediático, ao pé do futebol, basquetebol ou atletismo, também tem contribuído para a perda de praticantes, diz.

Os custos inerentes ao desporto também são um factor a ter em conta. Cada pombo gasta um valor médio de 30 euros anuais entre alimentação e cuidados veterinários. E cada praticante tem dezenas de pombos. “Houve uma altura que se faziam iniciativas nas escolas para divulgar a modalidade e até se construíram pombais em algumas delas. Mas foi sol de pouca dura”, lamenta, afirmando, no entanto, que há excepções e que a associação que preside tem um praticante de Alcanena com 11 anos de idade.

POMBOS ATINGEM 130 KM/H

As provas de columbofilia são classificadas através da média de tempo que os pombos demoram a percorrer a distância entre o local onde são soltos e o pombal de origem. É um camião adaptado que os leva ao local da “solta”. Os pombos-correio são capazes de percorrer centenas de quilómetros a uma velocidade média de 130 quilómetros por hora (km/h). António Gonçalves conta que já teve pombos a percorrer mais de 900 quilómetros em menos de nove horas. No entanto, as provas mais comuns são as de velocidade em que a distância não ultrapassa os 300 quilómetros.

A preparação de um pombo-correio é semelhante à de um atleta profissional, explica. Assim que os “borrachos” começam a voar o criador começa a soltá-los para ganharem confiança. Algum tempo depois começam a arriscar voos mais distantes e assim sucessivamente, até começarem a voar distâncias equivalentes às das competições.

PRAGA DE POMBOS TAMBÉM AFECTA COLUMBÓFILOS

Um dos factores que condiciona a prestação das aves é o das condições climatéricas. António Gonçalves explica que as tempestades levam à desorientação de vários pombos que tentam fugir do mau tempo. “Embora as previsões meteorológicas sejam actualmente mais precisas, as variações de clima também são cada vez mais frequentes. Pode estar sol em Barcelona, mas se estiver mau tempo em Madrid é o suficiente para os pombos perderem o norte à casa”, refere.

Os pombos de cidade são uma das pragas que mais tinta faz correr, nomeadamente por serem um veículo transmissor de várias doenças e causarem danos no património edificado. No entanto, os columbófilos também se queixam da praga, pois perdem muitas aves para os bandos comuns, sobretudo os mais jovens. António Gonçalves diz que é um problema para as autarquias resolverem, referindo que devem apostar desde logo na requalificação dos edifícios devolutos.

Pombos que custam milhões

Há pombos-correio que são vendidos por milhões de euros. Os recordistas são o macho Armando, vendido em 2019 por 1,25 milhões de euros, e a fêmea New Kim, vendida em 2020 por 1,31 milhões de euros. Os animais foram vendidos a columbófilos residentes na China, onde o desporto tem ganho muita popularidade.

Columbofilia já foi o terceiro desporto mais praticado mas tem vindo a perder adeptos

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