Bombeiros voltam a alertar para situação caótica no Hospital de Vila Franca de Xira
Incapacidade de resposta na urgência obriga à retenção de macas e viaturas causando constrangimentos vários às corporações de bombeiros. Fonte do Hospital de Vila Franca de Xira manifestou-se surpreendida com a posição dos bombeiros e negou a falta de equipamento no serviço.
As corporações de bombeiros que servem o Hospital de Vila Franca de Xira alertaram mais uma vez para a “situação caótica” vivida nessa unidade de saúde sublinhando que estão a ser “cada vez mais confrontados com situações desumanas”.
Numa carta aberta, as 12 corporações de bombeiros que operam na área de influência do Hospital de Vila Franca de Xira (HVFX) classificam a situação vivida nas urgências de “caótica” e alertam para os “constrangimentos” causados. “A situação caótica em que temos encontrado as urgências do hospital tem causado constrangimentos vários no funcionamento dos corpos de bombeiros, nomeadamente a nível da gestão dos recursos humanos”, lê-se na carta.
Dirigindo-se ao presidente do conselho de administração do hospital os bombeiros afirmam que “se por um lado podemos afirmar um sentimento profundo e vivenciado de aumento do número de horas de espera das ambulâncias por falta de recursos básicos como macas ou cadeiras de rodas, precisamos também que entenda que estes tempos de espera causam impactos vários nos recursos humanos das nossas instituições, que vão desde o simples aumento injustificado de horas de trabalho como até à dificuldade de satisfação de necessidades mínimas como a logística alimentar”. As corporações queixam-se ainda da “redução de meios disponíveis para fazer face a um eventual acidente grave ou catástrofe”.
“Sabemos que são constrangimentos que são do conhecimento público e estão a chegar ao Governo, à Administração Regional de Saúde e à administração do Hospital Vila Franca de Xira. Apesar de várias vezes terem sido demonstrados sinais de tentativa de resolução do problema, certo é que cada vez mais se agrava, sabendo todos nós antecipadamente, e até com a relação histórica, que o período de maior afluência às urgências por razões de doença súbita (como a gripe por exemplo) se aproxima”, alertam.
Nesse sentido, os bombeiros pedem à administração do hospital uma reunião “com a urgência possível” para aferir quais serão “as medidas concretas” para minimizar os constrangimentos existentes.
Na área de influência do hospital operam corporações de Vila Franca de Xira, Vialonga, Alhandra, Castanheira do Ribatejo, Póvoa de Santa Iria e Alverca (Vila Franca de Xira), Azambuja, Alcoentre (Azambuja), Alenquer, Merceana (Alenquer), Arruda dos Vinhos, Benavente e Samora Correia (Benavente).
Hospital manifesta surpresa e nega falta de equipamentos
Contactada pela Lusa, fonte do Hospital de Vila Franca de Xira manifestou-se surpreendida com esta carta, ressalvando que “nunca nenhuma corporação de bombeiros da área de referência fez chegar qualquer tipo de constrangimento que agora refere” e negou a falta de equipamento no serviço de urgência.
“Aliás, já durante o Verão, e para colmatar eventuais necessidades na época de Inverno que se aproxima, o actual conselho de administração adquiriu mais macas para o serviço de Urgência. Reforça-se, portanto, que não existem equipamentos em falta no serviço de Urgência como sejam macas ou cadeiras de rodas”, aponta a administração do HVFX.
Nesse sentido, a administração interpreta esta tomada de posição dos bombeiros como “mais um factor que se inscreve na constante pressão que tem existido sobre a transição da gestão privada para a pública”, verificada a 1 de Junho de 2021.
“Não há razões, não há falta de macas, bem como não há falta de cadeiras de rodas. Existe sim, uma afluência muito expressiva aos serviços de Urgência, como em qualquer hospital público, e como é do conhecimento geral”, argumentam.
Doentes em garagem
No início de Outubro a Ordem dos Médicos (OM) alertou para a falta de médicos e de condições de trabalho no hospital de Vila Franca de Xira, onde encontrou, na altura, doentes em observação na garagem.
O presidente do Conselho Regional do Sul da Ordem dos Médicos, Alexandre Valentim Lourenço, fez uma visita àquele hospital e esteve reunido com médicos e administração para verificar no local as dificuldades que existem. Segundo o representante, o hospital transformou uma garagem em enfermaria Covid-19, mas “acabou a covid” e “ela continua a ser necessária”.