Museu Ibérico de Abrantes é o maior investimento cultural de sempre na região
Museu Ibérico e Arte de Abrantes foi inaugurado a 8 de Dezembro e teve um investimento de mais de seis milhões de euros.
Após anos de muita polémica, de atrasos sucessivos e de datas de inauguração anunciadas que não se cumpriram, o Museu Ibérico e Arte de Abrantes (MIAA), implantado no antigo Convento de São Domingos, foi inaugurado na manhã de 8 de Dezembro, feriado nacional. A iniciativa contou com uma grande comitiva de governantes socialistas que não faltaram à inauguração quando faltam menos de dois meses para as eleições legislativas. A ministra da Agricultura, e ex-presidente da Câmara de Abrantes, Maria do Céu Antunes, foi a primeira governante a chegar cumprimentando com um abraço o seu sucessor na presidência do município, Manuel Valamatos, que recebeu os convidados à entrada do MIAA.
Ao mesmo tempo chegou o secretário de Estado adjunto e do Desenvolvimento Regional, Carlos Miguel. Uma chegada que passou despercebida com a entrada de Maria do Céu Antunes, que cumprimentou os seus conterrâneos de forma efusiva. Antes disso, já a presidente da CCDR Centro, Isabel Damasceno, e o vice-presidente da CCDR de Lisboa e Vale do Tejo, José Alho, tinham cumprimentado Manuel Valamatos. A ministra da Cultura, Graça Fonseca, foi a última governante a chegar, mas dentro do horário estabelecido.
Ao cumprimentar o presidente da Câmara de Abrantes a ministra afirmou “Finalmente a inauguração!”. Manuel Valamatos respondeu com um sorriso: “Foi duro!”. Graça Fonseca não deixou o autarca sem resposta e realçou que “os imprevistos são para os duros”. Após os cumprimentos protocolares foi feita uma visita ao museu onde as atenções recaíram todas sobre Maria do Céu Antunes e Graça Fonseca. Durante a passagem para o primeiro piso do edifício, a ministra da Agricultura partilhou com a ministra da Cultura que as suas filhas, ambas com mais de 20 anos, frequentaram o jardim-de-infância naquele espaço.
No final da visita os discursos oficiais decorreram no jardim florido do MIAA. Manuel Valamatos destacou a importância deste projecto que demorou quase 15 anos a ser concretizado, embora revisto em baixa relativamente ao projecto inicial, que tanta polémica causou dada a sua volumetria, por prever a construção de uma torre de 27 metros de altura.
“Desde o primeiro dia que sabíamos que este seria um projecto ambicioso mas foi um desígnio colectivo que encaramos com sucesso. A requalificação deste edifício, o Convento de São Domingos, edificado no século XVI”, afirmou. O presidente da Câmara de Abrantes acrescentou que os achados arqueológicos e históricos encontrados durante a empreitada, mas sobretudo a pandemia de Covid-19, são exemplo das dificuldades que passaram.
Graça Fonseca elogiou a obra e destacou a exposição da colecção do Estado que está patente no primeiro andar do edifício. Com um investimento inicial de cerca de 13 milhões de euros, o projecto original do MIAA foi desenhado pelo arquitecto Carrilho da Graça, presente na inauguração. O arquitecto confessou ter tido muita pena que a primeira versão do projecto não tenha avançado.
Obras de artistas abrantinos em destaque no MIAA
O MIAA tem vários espaços diferentes de exposições, das quais se destacam o espólio de pintura contemporânea da pintura, natural de Abrantes, Maria Lucília Moita, e a colecção arqueológica Estrada, propriedade da Fundação Ernesto Lourenço Estrada. O presidente da Câmara de Abrantes agradeceu aos familiares de João Estrada. “Hoje concretizamos um sonho de vida do vosso tio, João Lourenço Estrada”, sublinhou. Valamatos também agradeceu aos herdeiros de Maria Lucília Moita pela doação da artista.
Esta obra teve um investimento total de 6,3 milhões de euros tendo contado com um apoio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) de 2,5 milhões de euros. O restante (3,8 milhões de euros) foi suportado pelo município. Até final de Março do próximo ano as entradas no museu são gratuitas.
À Margem
O regresso de Maria do Céu a Abrantes
Durante a inauguração do MIAA a actual ministra da Agricultura não escondeu a sua boa disposição e distribuiu sorrisos aos seus conterrâneos. Uma reacção natural uma vez que Maria do Céu Antunes foi presidente da Câmara de Abrantes durante dez anos e acompanhou muito de perto a evolução do projecto do Museu Ibérico e Arte de Abrantes. A ministra foi colher frutos do seu próprio trabalho como autarca e daí a sua euforia. Quem sabe se Maria do Céu Antunes já se tenha arrependido de ser mais uma ministra que pode estar de saída do Governo e desejasse ser a autarca de Abrantes que poderia ter inaugurado uma das obras mais importantes do concelho em tempo de democracia.