O pavilhão desportivo da Escola Básica 2,3 de Alcanede, reivindicado há mais de duas décadas pela população, viu finalmente a luz do dia graças à intervenção do município de Santarém que se substituiu ao Ministério da Educação. A infra-estrutura foi inaugurada com pompa e circunstância na manhã de sexta-feira, 10 de Dezembro, e, apesar do frio e da chuva, alunos e professores marcaram presença e participaram no conjunto de actividades que assinalaram o momento.

Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, João Costa, secretário de Estado adjunto e da Educação, e Manuel Vieira, presidente da Junta de Freguesia de Alcanede, acompanharam Helena Vieira, directora do Agrupamento de Escolas D. Afonso Henriques, no momento de descerrar da placa.

A directora recordou que a primeira manifestação de alunos para defender a construção de um novo pavilhão decorreu em 2000. Helena Vieira mostrou um cartaz (ver foto nesta página), segurado por alguns alunos, onde se pode ver um recorte de uma página de O MIRANTE com uma fotografia dessa manifestação. A professora esclareceu que o novo pavilhão vai marcar um ponto de viragem na dinâmica da freguesia pois vai estar disponível para toda a população, nomeadamente clubes e associações que precisem de um espaço condigno para realizarem as suas actividades.

Ricardo Gonçalves revelou, à margem da iniciativa, estar orgulhoso enquanto autarca por ver nascer uma infra-estrutura que vai fazer muitas crianças felizes e que vai ajudar a combater o sedentarismo nos jovens. O presidente do município referiu que a construção do pavilhão demorou décadas porque as escolas do segundo e terceiro ciclo são da competência do Estado e do Ministério da Educação e que a autarquia não podia fazer muito mais do que o que foi feito.

O novo pavilhão conta com uma nave interior, preparada para a prática de diversas modalidades, balneários, salas de apoio e de arrumação e um posto médico. A infra-estrutura conta ainda com um campo relvado exterior. A obra representou um investimento de 1,4 milhões de euros, comparticipado em 1 milhão pelos fundos comunitários tendo o município gasto dos seus cofres cerca de 400 mil euros.

À Margem

Ministério da Educação só se chegou à frente para a fotografia

O pavilhão desportivo da Escola Básica 2/3 de Alcanede existe porque o poder local se substituiu, mais uma vez, ao poder central na concretização de infra-estruturas elementares. Foram mais de vinte anos de reivindicações, de que o MIRANTE foi dando conta nas suas páginas ao longo dos tempos e que alunos da escola recordaram num cartaz com cópias de notícias do nosso jornal. Esta luta, que já vem do tempo em que os pais de muitos dos actuais alunos frequentariam a mesma escola, é também um exemplo do tal país a duas velocidades a que o presidente da Câmara de Santarém se referiu em tom crítico na abertura do recente congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses. E a chegada, com atraso, à cerimónia do secretário de Estado é uma irónica alegoria à forma como o Governo central esteve neste processo, com a diferença de que o governante, mesmo tarde, acabou por chegar. Já o Ministério da Educação, durante mais de duas décadas, nunca se chegou à frente, a não ser para a fotografia....