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Dirigente do Ateneu Cartaxense diz que só há apoios para o futebol
Raquel Ramos é a vice-presidente do Ateneu Artístico Cartaxense que comemorou, no início de Dezembro, 141º aniversário

Dirigente do Ateneu Cartaxense diz que só há apoios para o futebol

Vice-presidente do Ateneu Artístico Cartaxense lamenta a falta de apoios para clubes com modalidades menos mediáticas, situação que diz ser desmotivante para os jovens atletas. Colectividade do Cartaxo comemorou 141º aniversário mas teve que adiar a gala por causa da pandemia. Família dos atletas e patrocinadores são o principal apoio da colectividade que conta com 549 atletas e 11 modalidades.

Os atletas de trampolins ou tumbling que se qualificam para os campeonatos do Mundo ou da Europa da modalidade têm que comprar o equipamento e o saco da selecção nacional a expensas próprias, além das despesas com estada e refeições que também ficam à responsabilidade dos atletas ou dos seus pais. A situação é exposta pela vice-presidente do Ateneu Artístico Cartaxense, Raquel Ramos, para sublinhar a falta de apoios com que muitas modalidades desportivas se debatem no nosso país. “É surreal e desmotivante para os atletas. Não faz sentido. Parece que só existem apoios para o futebol”, lamenta.

A eclética colectividade comemorou o 141º aniversário a 4 de Dezembro e previa assinalar a data com uma gala onde iria distinguir os atletas que foram revelações em 2020 e 2021. Além disso, iam homenagear os sócios mais antigos. Raquel Ramos sublinha a O MIRANTE que a gala não foi cancelada mas sim adiada para uma altura em que a pandemia permita.

Raquel Ramos explica que o Ateneu tem dificuldades em pagar as despesas dos atletas que se apuram para campeonatos que se realizam fora de Portugal. Habitualmente participam em eventos e organizam festas para angariar dinheiro mas em 2020 e 2021 foi impossível por causa da Covid-19.

O Ateneu Artístico Cartaxense é uma das maiores colectividades do concelho do Cartaxo, com 549 atletas divididos por 11 modalidades: ténis (30 atletas); natação (162); ginástica de formação (85); trampolins (54); tumbling (32); aero-saltos (57); judo (10); kizomba (8); ballet (63); tiro com arco (25); muay thay (3); nirvana – ginástica para adultos que inclui pilates (9); e o grupo de cicloturismo “Sem Pernas”, que conta com 11 elementos.

A colectividade não tem tido dificuldade em angariar novos atletas. Alguns professores são também professores de Educação Física nas escolas do concelho e isso tem ajudado. Os atletas trazem os amigos e as redes sociais também têm ajudado na divulgação das modalidades. O tiro com arco, trampolins, tumbling e ténis são as modalidades com a vertente de competição e têm obtido bons resultados. As outras são recreativas.

pessoas são SUCESSO DO ATENEU

Os pais são o principal suporte do Ateneu e fazem da colectividade uma grande família. São os pais que levam os filhos aos treinos e também às competições. Existem vários atletas formados no clube que depois continuam como professores. O Ateneu conta com cerca de 600 sócios que pagam uma quota mensal de 3 euros. Para frequentarem a colectividade os alunos (ou um dos pais) têm que ser sócios.

Sem apoio financeiro do município há muitos anos, Raquel Ramos destaca o apoio “fundamental” dos patrocinadores. “Sem eles teríamos fechado portas. O segundo confinamento foi muito difícil e tivemos muitos pais que continuaram a pagar 50% da mensalidade, que foi depois descontada quando reabrimos portas. Sem estas ajudas não teríamos aguentado os meses que estivemos encerrados porque o edifício, apesar de ser da colectividade, tem despesas fixas mensais”, confessa a vice-presidente.

Em 2020 obtiveram apoio financeiro do Instituto Português do Desporto e Juventude e substituíram toda a cobertura do edifício. Também fizeram obras no bar. “Em Novembro acabámos de pagar a dívida que tínhamos. Somos um clube sem dívidas e isso é um enorme orgulho. Sublinho a importância dos nossos patrocinadores para conseguirmos não ter dívidas. Somos um clube muito acarinhado no concelho”, destaca.

Depois do segundo confinamento regressaram praticamente todos os atletas. Alguns regressaram com excesso de peso e houve um trabalho físico para que todos ficassem em forma. O objectivo é manter as actividades e, se possível, criar novas. O segredo do sucesso do clube é, para a vice-presidente, a entrega das pessoas que vão passando pela colectividade e o facto do Ateneu querer oferecer algo à comunidade. “Queremos que as nossas crianças e jovens possam praticar algum tipo de exercício físico no nosso concelho uma vez que o município não tem essa oferta”, conclui Raquel Ramos.

A dirigente que é psicóloga e trabalha na prisão

Raquel Ramos, 41 anos, é psicóloga e técnica de tratamento prisional no Estabelecimento de Vale de Judeus. Praticou trampolins entre os quatro e os 17 anos. Há cerca de três anos faz parte da direcção e a sua filha pratica ginástica desde os quatro anos. “O Ateneu sempre fez parte da minha vida e é uma escola de vida. Quem passa pelo Ateneu leva daqui ensinamentos e valores para a vida que são muito importantes na sociedade. Os mais importantes são a união, entreajuda e empatia entre todos”, considera. A dirigente admite não ser fácil recrutar pessoas para o associativismo. “São cargos não remunerados, onde é necessário ter uma grande disponibilidade, que a nossa vida pessoal nem sempre permite”, afirma. A vice-presidente do Ateneu não tem uma opinião formada sobre se o cargo de dirigente associativo deve ser remunerado. No entanto, defende que as entidades patronais deveriam ter uma atenção para com quem ocupa estes cargos, o que, sublinha, não acontece.

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