Presidente da AIP diz que economia estagnou e impostos aumentaram
José Eduardo Carvalho defende alargamento da solução da península de Setúbal à região norte de Lisboa Medidas de combate à crise que foram implementadas foram eficazes mas houve precipitação e pouca prudência em terem acabado com as moratórias e com o deferimento do pagamento dos impostos e das contribuições.
De forma a poderem aceder ao Portugal 2030 o presidente da AIP defende “uma solução para as empresas localizadas nos concelhos de Mafra, Vila Franca de Xira, Loures e Odivelas, que têm um acesso limitadíssimo, ou quase impossível, ao Portugal 2020 e aos sistemas de incentivos que vigoram actualmente. A solução que foi encontrada, e muito bem, para a península de Setúbal tem de se estender à margem norte de Lisboa. Não há justificação nem critério, nem é racional que assim não seja. São 25 mil empresas nestes concelhos que pela importância que têm não podem ficar afastadas do apoio à melhoria da sua qualidade de gestão”.
José Eduardo Carvalho fez estas declarações durante o webinar “Perspectivas do PT 2030 - Incentivos e instrumentos financeiros” que a AIP, em parceria com a Vida Económica, realizou no dia 7 de Dezembro.
“São necessários e prementes programas e instrumentos de redimensionamento que devem ser contemplados no Portugal 2030”, afirmou o presidente da AIP, que considera que a capitalização e o redimensionamento são factores fundamentais para o robustecimento do tecido empresarial. O dirigente da AIP fez o retrato da actual situação agravada com a crise provocada pela pandemia: “Há 192 mil empresas que, no exercício de 2020, apresentaram resultados líquidos negativos. Há 115 mil empresas que têm capitais próprios negativos. Há 166 mil empresas que têm EBITDA negativo. Há 83 mil empresas cujo EBITDA gerado não foi suficiente para cobrir os custos financeiros. E 92 mil empresas têm um VAB negativo”.
Perante o quadro existente o dirigente associativo extraiu conclusões: “Como não houve, em 2020, um crescimento nas dissoluções e nas insolvências comparativamente com 2019, isto prova que as medidas de combate à crise que foram implementadas foram eficazes e que terá havido precipitação e pouca prudência em terem acabado com as moratórias e com o deferimento do pagamento dos impostos e das contribuições. Por outro lado, a existência numa só década de duas crises, a da dívida soberana e a da pandemia, acabou por acentuar uma diferenciação na estrutura empresarial portuguesa que cada vez é mais nítida: por um lado, um segmento de empresas, que independentemente do sector, têm níveis apreciáveis de solidez e isso vê-se na rentabilidade, na dimensão, no balanço, no stock de capital, na qualidade de gestão, na produtividade, na inovação e no perfil exportador. E, depois, há um segmento com níveis elevados de degradação financeira e de exploração, que é muito mais numeroso. Apresentam balanços degradados, EBITDA a menos e dívida a mais, pressões ingeríveis na tesouraria e pauperização de capitais próprios”.
Quanto ao redimensionamento José Eduardo Carvalho considera que “com a actual dimensão das empresas vamos ter dificuldade em criar condições para sair da situação onde nos encontramos há 20 anos, em que a economia estagnou e os impostos não pararam de crescer.