O vacinador das cabras, o assessor socorrista e a despedida do verborreico
Álacre Serafim das Neves
Alguma vez, num qualquer parque de estacionamento da região, deste uma moedinha a um arrumador simpático, sorridente e assim para o redondinho? Se deste, bem te podes gabar de ter contribuído monetariamente para a subsistência do deputado social-democrata Duarte Marques, um homem de Mação, nascido em Lisboa, que até agora só era conhecido por estar ligado à política desde tenra idade.
Eu lembrava-me que ele, aos 21 anos, já era assessor político na Presidência de Conselho de Ministros e que foi chefe de gabinete do grupo do PSD no Parlamento Europeu e assessor do ministro Morais Sarmento nos governos de Durão Barroso e Pedro Santana Lopes. Isto para além de nos últimos dez anos ter sido deputado, eleito por Santarém. Mas Duarte Marques revelou a semana passada, aqui no nosso jornal, que também tem um percurso profissional fora da política, a trabalhar como arrumador de carros e a vacinar cabras, imagina!
Nas eleições de 30 de Janeiro do próximo ano não vai ser candidato a deputado e há quem diga que é um castigo do presidente do partido por ele ter apoiado o seu opositor nas eleições internas. Na minha opinião, e depois do que ele disse na tal entrevista, quase que aposto que Rui Rio o está a guardar para liderar a tak-force da vacinação contra a Covid-19, se o PSD ganhar as eleições. Se ele se saiu bem a vacinar cabras, que não param quietas, porque não há-de fazer um brilharete a vacinar velhotes e crianças?
O ex-presidente da câmara do Cartaxo, Pedro Magalhães Ribeiro, nem teve tempo para descansar depois da derrota nas eleições autárquicas de 26 de Setembro. A meio de Novembro foi logo chamado de urgência pelo primeiro-ministro, António Costa, para seu assessor. E nem lhe valeu de nada o Governo estar de saída. O tempo que falta para as eleições de Janeiro. Quem o chamou para Lisboa sabe bem que o tempo que falta para as eleições de 30 de Janeiro, é mais que suficiente para ele mostrar o que vale.
Após nove anos como presidente da câmara ele merecia mais de férias mas a sina de Pedro Magalhães Ribeiro é aquela e não há nada a fazer. Já em 2007, quando era vereador e se demitiu por não se entender com o então presidente Paulo Caldas, também nem teve tempo de chegar a casa e trocar de roupa porque teve que ir a toque de caixa para adjunto do então secretário de Estado da Justiça, José Manuel Conde Rodrigues. Se queres que te diga, não sou eu que lhe invejo aquela vida de socorrista, digamos assim, de grandes políticos nacionais.
Em boa hora te lembraste de assinalar o final da carreira parlamentar do socialista Jorge Lacão, embora isso não signifique que nos tenhamos livrado dos seus herméticos, homéricos e palavrosos discursos. Havia aquele fado da Maria da Fé, que proclamava “Cantarei até que a voz me doa” mas na política, verborreicos como ele, nem quando a voz lhes dói eles se calam.
Descobri que o Pai Natal dos CTT usa a mesma táctica dos políticos. Recebe milhares de cartas de crianças a pedirem cães, viagens de balão, manos e manas e manda a todas a mesma resposta e a mesma lembrança, que pode ser um puzzle, uma caneta e blocos de notas. Os eleitores também pedem melhores salários e menos impostos e recebem sempre o contrário, como sabemos.
Votos de prendas belas e de um Ano Novo repleto de bom humor
Manuel Serra d’Aire