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Isolada numa sala e impedida de trabalhar em refeitório de Vialonga
Madalena Reis passou momentos de terror psicológico no refeitório da Casa do Povo de Vialonga fotoDR

Isolada numa sala e impedida de trabalhar em refeitório de Vialonga

Madalena Reis teve de faltar ao trabalho para ser operada e viu a sua vida profissional virada do avesso. Cozinheira de profissão, diz-se vítima de assédio laboral e acabou forçada a passar os seus dias, durante três meses, isolada numa sala sem poder abrir os estores, sem se poder sentar nem falar com os colegas. A situação só se resolveu esta semana.

Uma funcionária da empresa Uniself, responsável pelo refeitório da Casa do Povo de Vialonga e que durante três meses passou os seus dias de trabalho fechada numa sala sem poder falar com os colegas, impedida de abrir os estores e sem uma cadeira onde se sentar, conseguiu ver o seu problema resolvido depois de muita pressão sindical e da comunidade.

A 21 de Dezembro, Madalena Reis, de 50 anos, foi transferida para outro refeitório da Uniself em Loures e, a O MIRANTE, diz que tudo está a correr bem e que a situação está a melhorar. Mas as marcas do que sofreu não serão esquecidas tão cedo. É do Sobralinho, tem dois filhos e sempre foi cozinheira.

Está na empresa há 23 anos a preparar refeições para a comunidade escolar do Forte da Casa. A sua vida mudou quando na Primavera teve de ser operada e foi obrigada a ficar três meses de baixa. Ao regressar ao trabalho foi surpreendida por ver que a sua posição já estava ocupada. “Quando voltei já não tinha o meu lugar e fui enviada para Vialonga, para o serviço de refeições do jardim-de-infância da Casa do Povo, onde fui muito mal tratada. Encontrei pessoas muito más, fui uma escrava, ainda hoje me custa falar disso”, lamenta a O MIRANTE.

Madalena Reis confirma ter passado dias inteiros isolada numa sala sem poder cozinhar. Situação que, de resto, foi constatada numa inspecção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) em Novembro. Foi também maltratada verbalmente e depois de várias semanas de pressão laboral não resistiu a uma depressão. Acabou por entrar novamente de baixa e ainda hoje está medicada e a ser acompanhada clinicamente.

“Não posso dizer que tenha sido a empresa a tratar-me mal, o problema era a encarregada e as chefias que estavam em Vialonga. Foi a primeira vez que isto me aconteceu. Entrei num desespero e depressão imensa. Sofri um bom bocado passar todas aquelas horas fechada na sala sem poder fazer nada. Foi muito doloroso”, desabafa. O que lhe valeu foi o Sindicato de Hotelaria do Sul, que primeiro alertou para a situação. Madalena Reis acredita que a sua história pode ser importante para outras pessoas que estejam a passar por situações semelhantes. “Não se deixem acobardar e lutem pelos vossos direitos. Não podemos admitir que gozem connosco e nos tratem de qualquer maneira”, defende.

Casa do Povo exigiu respeito

O serviço de refeições do jardim-de-infância da Casa do Povo de Vialonga está concessionado à Uniself e conta com três trabalhadoras. Segundo o sindicato, desde Setembro que a trabalhadora sofria “pressões e maus-tratos verbais”, situação que vinha a degradar-se desde Outubro e que levou à deterioração da saúde mental da trabalhadora.

O MIRANTE contactou a Uniself sobre este assunto mas não recebeu qualquer resposta até ao fecho desta edição. Em comunicado, os dirigentes da Casa do Povo dizem-se surpreendidos pela situação e garantem que em nada contribuíram para o conflito. A direcção garante não ter qualquer vínculo laboral com a funcionária e já tinha exigido à empresa que adoptasse as medidas necessárias para pôr termo ao conflito.

“A Casa do Povo de Vialonga sempre tem pautado a relação laboral com os seus trabalhadores pelo diálogo e respeito pelos seus direitos, pelo que não continuará a disponibilizar instalações para que a trabalhadora seja mantida pela Uniself sem funções e rejeita um relacionamento laboral baseado no conflito”, lamentou.

Isolada numa sala e impedida de trabalhar em refeitório de Vialonga

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