Pelo menos três pais de crianças que frequentam o Centro de Bem-Estar Infantil de Vila Franca de Xira (CBEI) apresentaram queixas-crime na justiça nos últimos meses contra o presidente da instituição, Gil Teixeira, e a actual direcção por alegada gestão danosa. Na origem esteve uma carta enviada em Agosto expulsando alguns pais de sócios e os filhos da frequência da instituição a partir de 1 de Setembro, por alegadamente os pais criticarem a gestão e terem quotas por pagar. A administração sempre negou ter expulsado as crianças mas os pais dizem o contrário, mostram as cartas que receberam da instituição e agiram na justiça.

Os conflitos internos no CBEI não se ficam por aqui. Recentemente, a nova mesa da assembleia-geral da instituição foi impedida de tomar posse devido a uma providência cautelar apresentada em tribunal por um sócio. O anterior presidente da assembleia-geral demitiu-se há alguns meses depois das contas terem sido chumbadas pelo segundo ano consecutivo. A 29 de Outubro realizou-se uma assembleia-geral extraordinária para eleição da nova mesa da assembleia-geral, concorrendo uma única lista única, eleita com 62 votos a favor num total de 67 votos de um universo de 101 sócios.

Menos de uma semana depois a nova mesa da assembleia-geral e o presidente demissionário foram surpreendidos com a recepção de uma providência cautelar contra os mesmos e também contra o próprio CBEI colocando em causa a legalidade da eleição. O que, para já, impede a nova mesa de tomar posse e convocar sessões.

Direcção acusada de se querer perpetuar no poder

Segundo o movimento de pais “Abraço ao CBEI”, a providência cautelar foi apresentada por um cidadão que se terá feito sócio pouco antes da eleição e que, com esse procedimento, faz com que o impasse na apresentação de contas no CBEI se prolongue por mais uns meses.

“A lista vencedora apresentou a sua candidatura em conformidade com a convocação e as normas estatutárias do CBEI”, garantem os pais, que alertam para graves violações ao regimento de protecção de dados, com o autor da providência cautelar a ter acesso a cópias do cartão de cidadão, moradas fiscais e registos criminais de todos os envolvidos quando estes nem acesso a actas dizem conseguir ter.

“Não é de estranhar o acesso do recém associado a esses dados, pois é pública a relação de amizade que tem com Gil Teixeira. Repudiamos esta tentativa inqualificável e de má-fé deste órgão de administração no sentido de se perpetuar à frente da instituição depois de tudo o que fizeram para a destruir”, criticam os pais, acrescentando ser “no mínimo indecente” o planeamento da impugnação de uma eleição marcada legalmente e ao abrigo dos estatutos da instituição, “mas que pode pôr em causa o poder instalado no CBEI”.

O MIRANTE questionou o presidente do CBEI, Gil Teixeira, sobre este assunto, mas este limitou-se a dizer que, caso hajam inspecções da tutela ou de índole judicial, “estará, como sempre esteve”, disponível para responder e ajudar a esclarecer todas as questões.