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Sabacheira ficou sem médica de família que se ofereceu para trabalhar de graça
O presidente da Junta da Sabacheira, António Graça, lamenta que pólo de saúde da freguesia esteja sem médico de família há cerca de três semanas fotoDR

Sabacheira ficou sem médica de família que se ofereceu para trabalhar de graça

O pólo de saúde da Sabacheira, em Tomar, está sem médico de família há cerca de três semanas depois do Governo não ter aceite a renovação do contrato de Maria João Pinheiro, por ter completado 70 anos. António Graça, presidente da junta, afirma que há enquadramento legal para a clínica continuar e lamenta a perda de uma profissional que era admirada pelos utentes.

Maria João Pinheiro era médica no Pólo de Saúde da Comenda, situado na Sabacheira, concelho de Tomar, mas foi obrigada a aposentar-se de vez deixando os cerca de mil habitantes da aldeia sem médico de família. A profissional completou recentemente 70 anos e o Estado decidiu que já não estava apta para trabalhar, independentemente de existir enquadramento legal para o fazer, se preencher um conjunto de requisitos e se for do interesse público.

Em declarações a O MIRANTE, António Graça, presidente da Junta de Freguesia da Sabacheira, questiona se existe maior interesse público do que ter numa freguesia isolada, e com poucos acessos a cuidados de saúde, uma profissional com muitos anos de casa, que gosta do que faz e que é admirada por todos os utentes.

O autarca salienta que esta decisão é ainda mais criticável por se estar a atravessar uma situação pandémica onde há escassez de técnicos de saúde e é essencial não “entupir” as urgências hospitalares. “A junta não tem poder para intervir, mas cabe-nos zelar pelos interesses da população e sempre que acontece algo inaceitável, como é o caso, fazer as pressões necessárias para termos o problema resolvido”, afirma.

António Graça explica como tudo aconteceu. Em Julho deste ano a junta recebeu a informação de que o contrato com Maria João Pinheiro iria ser renovado. A novidade foi muito bem recebida uma vez que a médica é “muito querida e preocupada” com os problemas dos seus utentes. “Já não existem muitos médicos como a Dra. Maria João, sempre disponível para ajudar e escutar os problemas dos nossos utentes”, conta o autarca.

Passaram-se quatro meses e, inesperadamente, o presidente da junta viu uma publicação da médica nas redes sociais a lamentar que iria deixar de trabalhar. Na manhã do dia seguinte ligou-lhe e confirmou a má notícia. “Estava desolada porque gostava mesmo de trabalhar no nosso posto de saúde. Disse-me inclusive que não se importaria de trabalhar de graça para continuar a ajudar e a fazer o que mais gosta”, conta.

António Graça considera esta situação inesperada uma vez que a renovação da médica foi bem aceite pelo Ministério da Saúde e Autoridade Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. No entanto, da parte do Ministério da Administração Pública não houve esse entendimento. Actualmente, o Pólo de Saúde da Comenda continua sem médico de família, mas as informações que o autarca tem é que a situação vai ser resolvida o mais rapidamente possível.

“Felizmente que os nossos utentes têm necessitado mais de cuidados de enfermagem, mas ainda assim há várias dezenas que têm sido deslocados, em transportes cedidos pela junta, para o Centro de Saúde de Tomar, que fica 20 quilómetros de distância”, afirma, lamentando que o problema da falta de médicos de família seja recorrente nas localidades do interior e que o Governo não consiga resolver a questão.

Sabacheira ficou sem médica de família que se ofereceu para trabalhar de graça

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