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Testemunhos de imigrantes que se integraram com sucesso em Santarém
Imigrantes em Santarém deixaram os seus países à procura de melhores condições de vida enquanto outros saíram para fugirem da guerra

Testemunhos de imigrantes que se integraram com sucesso em Santarém

Uns procuram melhores condições de vida, outros fogem da guerra, da fome e da miséria. Na rota calhou-lhes Santarém como destino e porto de abrigo. O Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes realizou uma sessão de esclarecimento sobre os processos de legalização para a comunidade imigrante de Santarém e O MIRANTE ouviu alguns testemunhos na primeira pessoa. Em 2020 estavam registados como residentes no concelho de Santarém cerca de três mil imigrantes.

Moahamad Madali fugiu da guerra na Síria em 2016. A intenção era dar um futuro digno à sua família. Após uma longa viagem através da Europa quis o destino que o porto de abrigo fosse Santarém, onde se fixou com a mulher e o filho. A integração tem corrido bem e, actualmente, Moahamad trabalha como motorista no município de Santarém. O cidadão sírio admite que já se considera português e não pensa voltar para o país natal.

Este foi um caso de sucesso no acolhimento de imigrantes que se ficou a conhecer na sessão de esclarecimento que o Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAIM) de Santarém, em conjunto com o projecto “Articular com”, organizou no sábado, 18 de Dezembro, na Sala de Leitura Bernardo Santareno. Na iniciativa estiveram presentes cidadãos oriundos de vários países, que partilharam a sua experiência de integração na comunidade escalabitana.

Moussa Baldé é guineense, jornalista da agência Lusa e veio com a família para Portugal pela primeira vez em 2010. Os três filhos nasceram em Portugal, mas a outra parte da família decidiu voltar para a Guiné-Bissau. Em 2020 optaram por voltar por as condições de vida serem melhores por cá, nomeadamente para famílias numerosas. Moussa Baldé conta que o processo de se estabelecer em Santarém foi pacífico uma vez que o CLAIM ajudou a alugar casa e a tratar das autorizações de residência da sua família. O jornalista diz que os centros de apoio à comunidade imigrante são muito importantes e devem ser replicados nas grandes cidades porque os imigrantes são uma das forças de trabalho que fazem desenvolver a economia.

Tatiana Tarnovska, professora, veio da Ucrânia há mais de duas décadas e garante que está perfeitamente integrada na comunidade. Actualmente desenvolve um projecto para ensinar a língua e a cultura ucranianas a filhos de ucranianos que já nasceram em Portugal. Tatiana Tarnovska lamenta que existam muitas crianças que não conhecem as suas raízes e a quem nunca foi ensinada a língua dos seus pais.

TRÊS MIL IMIGRANTES EM SANTARÉM

Estrela Branco, coordenadora do CLAIM, explicou que o caso de Moahamad é um dos de maior sucesso porque existe muita burocracia para legalizar um cidadão em Portugal sobretudo quando se trata de refugiados de guerra. Sublinha que, em muitos casos, só conseguem autorizações de residência através dos filhos que ou nascem em Portugal ou frequentam as escolas portuguesas.

Segundo dados do CLAIM, em 2020 estavam registados como residentes em Santarém um total de 2.950 imigrantes, sendo a maior comunidade a brasileira (741), seguindo-se a romena (513), a indiana (448), a ucraniana (286), a paquistanesa (125) e a angolana (100). Estrela Branco refere que as comunidades indiana e paquistanesa são aquelas com quem contacta menos porque diz serem pessoas muito fechadas e não procuram ajuda. “Vivem praticamente só para o trabalho, a maioria está em situação irregular, mas também não procura ajuda para se legalizar”, lamenta.

Testemunhos de imigrantes que se integraram com sucesso em Santarém

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