Instalação de painéis solares na albufeira de Castelo do Bode gera polémica
Munícipe interveio na última Assembleia Municipal de Tomar para contestar a decisão do Governo em lançar um leilão para instalação de painéis solares na albufeira de Castelo do Bode. Autarcas mostraram-se solidários e prometem que vão estar em cima do assunto.
O leilão que o Governo lançou em Novembro para instalação de painéis fotovoltaicos em espelhos de água de sete albufeiras do país, onde se inclui a de Castelo do Bode, tem motivado contestação por parte de alguns comerciantes e moradores que vivem perto da albufeira. Na última Assembleia Municipal de Tomar, que se realizou a 21 de Dezembro, a munícipe Ana Branco apelou aos autarcas, principalmente à presidente da câmara, Anabela Freitas, para que “não deixem morrer a albufeira de Castelo do Bode”.
O projecto de capacidade solar flutuante em Portugal prevê uma injecção na rede eléctrica até 262 megawatts (MW) de novas centrais fotovoltaicas em albufeiras. No caso da albufeira de Castelo do Bode está previsto instalar 50 MW de potência, o que significa que vão ser precisos cerca de 60 hectares de área para o fazer. Ana Branco afirmou não compreender a opção do Governo que vai implicar destruir todo o ecossistema e desenvolvimento económico que gira à volta da albufeira. “Não vejo como se pode querer estragar a água das albufeiras, matar a fauna, a flora e toda uma comunidade que precisa das albufeiras para viver. São milhares as pessoas que vivem nas margens e são centenas de postos de trabalho que se vão perder”, lamentou.
Hugo Costa, presidente da assembleia municipal, mostrou-se solidário com Ana Branco e manifestou a sua preocupação com o assunto garantindo que vai enviar um requerimento ao Ministério do Ambiente a solicitar mais informações. “Este tema é de extrema importância para o concelho de Tomar e para a região e por isso precisamos de saber com o que estamos a lidar”, disse.
Anabela Freitas foi peremptória ao afirmar que o município não tem competências em matéria de água e que quem validou os locais para a instalação dos painéis solares flutuantes na albufeira de Castelo do Bode foi a Agência Portuguesa do Ambiente (APA). “O que nos foi dito foi que os painéis vão ser instalados nos braços de rio que não permitam a utilização de barcos porque é necessário garantir o abastecimento de aviões de combate a incêndios. Segundo nos foi comunicado, a realização de actividades náuticas também está garantida”, afirmou, acrescentando, no entanto, que vai solicitar mais esclarecimentos. “O que nos foi dito não chega. Vamos pedir todas as respostas por escrito porque é um assunto de extrema importância e precisamos de saber o que vamos fazer daqui para a frente”, concluiu a autarca.