Vendaval em Foros de Salvaterra causa milhares de prejuízos
Fenómeno de ventos extremos, que aconteceu na véspera de Natal, provocou danos assinaláveis em estufas, automóveis e edifícios. Só um agricultor contabiliza os estragos em 70 mil euros.
A véspera de Natal foi um tormento para os habitantes de Foros de Salvaterra, no concelho de Salvaterra de Magos. Um fenómeno de ventos extremos, que durou alguns minutos, provocou dezenas de milhares de euros de prejuízos a moradores e alguns agricultores com terrenos nas imediações do nó de acesso à Autoestrada 13. Algumas habitações sofreram danos nos telhados, centenas de árvores foram derrubadas e uma propriedade agrícola registou prejuízos avultados. Nas instalações da Brisa e da GNR registaram-se danos em várias viaturas. Foram ainda derrubados vários postes de electricidade e de telecomunicações.
Gilberto Fortunato, 55 anos, proprietário de uma estufa, conta a O MIRANTE que o vendaval lhe deixou prejuízos de mais de 70 mil euros. A estufa onde cultiva nabiças e alface ficou completamente destruída. Conseguiu salvar uma parte da cultura de nabiças, mas a alface ficou irrecuperável. “Gastei mais de 60 mil euros na estufa e cerca de 10 mil nas culturas. Vai ser muito difícil recuperar este dinheiro”, lamenta o agricultor.
Para além destes danos, o agricultor explica que o vento arrancou 11 dos 18 painéis fotovoltaicos da sua propriedade, derrubou a chaminé e um painel solar térmico do telhado casa, destelhou parcialmente o alpendre da casa e arrancou as paredes de chapa de uma estrutura de apoio e arrumação. Gilberto Fortunato afirma que já recebeu a visita da Direcção Regional de Agricultura e Pescas (DRAP) de Lisboa e Vale do Tejo, a 25 de Dezembro, e que já reportou os danos no portal online disponível para o efeito.
Joaquim Ferreira, 63 anos, estava a fechar as portas do pombal que tem no fundo do quintal de sua casa quando surgiu a intempérie. “Foi assustador. Parecia o barulho de um avião a descolar mesmo aqui ao lado. Foi ensurdecedor”, sublinha. O morador explica que por pouco não aconteceu uma tragédia que lhe podia ter custado a vida. “Quando há tempestades costumo abrigar-me dentro do pombal. Desta vez não o fiz, e ainda bem, porque o pombal desapareceu com o vento e eu também ia atrás”, relata. Joaquim Ferreira diz que dos cerca de 150 pombos que tinha ainda só regressaram cerca de 80.
Alberto Narciso mora nos Foros de Salvaterra desde que nasceu e diz que nunca viu nada semelhante. Conta a O MIRANTE que estava em casa quando viu uma mancha negra enorme e árvores e chapas de zinco a voar a mais de dez metros de altura. “Há 30 anos plantaram-se pinheiros numa rotunda que voaram como se fossem árvores de pequena dimensão. O meu quintal ficou repleto de chapas de zinco que vieram de um pavilhão situado a cerca de um quilómetro da minha casa”, afirma.
Durante a tarde de sexta-feira, várias equipas da protecção civil municipal e de diversas entidades trabalharam para resolver os cortes de estrada, arranjo dos telhados e reposição da energia eléctrica, que foi restabelecida antes das 22h00. O temporal de chuva e vento extremo começou cerca das 15h00 e durou cerca de meia hora.
Ministério da Agricultura faz levantamento dos danos
O Ministério da Agricultura anunciou que vai fazer “uma avaliação e levantamento dos prejuízos” através da DRAP de Lisboa e Vale do Tejo. “Com base neste levantamento, o Ministério da Agricultura avaliará as medidas a adoptar” explica o Ministério da Agricultura.