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“As pessoas querem comprar casa mas há falta de oferta”
Rosalina Santos voltou a estudar depois de ter sido mãe

“As pessoas querem comprar casa mas há falta de oferta”

Rosalina Santos, 50 anos, proprietária da empresa Várias Soluções, Lda., Vila Nova da Barquinha

Rosalina Santos é proprietária da empresa Várias Soluções, Lda. com sede em Vila Nova da Barquinha. A empresa existe desde 2010 mas a sua experiência como empresária começou antes, numa empresa só de mediação imobiliária. Não imaginava ser empresária porque considerava não ter perfil para a exposição a que a actividade obriga, mas as circunstâncias da vida levaram-na por esse caminho e hoje garante sentir-se no lugar certo.

Adoptar é um acto de amor e serei sempre grata aos meus pais adoptivos por terem tido essa coragem. Tinha três meses de vida quando fui adoptada e sempre soube de tudo. Não me recordo quando me contaram mas lembro-me de já estar na escola primária e ter ido com os meus pais à terra da minha mãe biológica, na zona da Serra da Estrela, para concluir o processo de adopção. Hoje é muito mais complicado adoptar. Agradeço também à minha mãe biológica porque tomou a melhor decisão que poderia ter tomado. Senão tivesse sido adoptada não teria tido as oportunidades que tive na vida.
Sinto-me uma privilegiada pelos pais que me escolheram para filha. Sempre fui muito protegida porque os meus pais eram mais velhos e tinham sempre receios. Tivemos as nossas desavenças na adolescência, o que significa que tivemos uma vida normal. O momento mais complicado da minha vida foi quando os meus pais adoeceram ao mesmo tempo e, na altura, o meu filho era um bebé com pouco mais de um mês. Entretanto eles já faleceram e essa foi realmente a altura mais complicada.
O meu pai matriculou-me no ensino superior mas só descobri há cerca de seis anos. Os meus pais sempre me disseram que não tinham possibilidades financeiras para me pagarem os estudos na universidade. Mas eu tinha muito boas notas e entrei no Politécnico de Tomar, no curso de Gestão de Empresas, mas queria ganhar dinheiro e fui trabalhar. Há cerca de seis anos o meu marido desafiou-me a tirar o curso porque sabia que era um sonho meu e como o nosso filho já estava mais crescido deveria aproveitar a oportunidade. Fiz o exame necessário e quando fui ao Politécnico de Tomar a senhora disse-me que eu não precisava ter feito exame nenhum, que só precisava reactivar a matrícula que já tinha sido feita. Foi nessa altura que soube que os meus pais, apesar de todas as dificuldades, estavam dispostos a fazer um esforço financeiro para que me licenciasse após o 12º ano.
O momento mais marcante da minha vida foi o nascimento do meu filho. Muda tudo na nossa vida. Deixamos de ser só nós. O parto não foi fácil mas não abdicaria desse momento para ter o primeiro contacto com o meu filho. É a melhor coisa do mundo, um amor incondicional e inexplicável. Depois dele nascer penso e decido tudo em função do bem-estar dele. Quando estava a tirar o curso o meu filho queixou-se que eu nunca estava com ele. Dividi um ano do curso em dois para ter mais tempo e ele não se sentir prejudicado. Ele é sempre a prioridade.
As pessoas querem comprar casa mas há falta de oferta. O arrendamento está muito caro e por isso as pessoas preferem comprar, mas não há imóveis no mercado. A construção não é suficiente para a procura. Vamos conseguindo arranjar mas não é no imediato. A solução tem passado pela remodelação de casas antigas. As pessoas estavam habituadas a comprar os imóveis já acabados e agora têm que se habituar à ideia de comprar antigo e remodelar. É o que tenho feito. Compro velho e reconstruo para vender.
A mulher tem mais capacidade de trabalho. Consegue fazer várias coisas ao mesmo tempo. Tem mais sensibilidade, o que é importante, mas em certas alturas pode ser uma desvantagem. No entanto, tem uma enorme capacidade de dialogar e consegue criar mais empatia e chegar onde pretende com diplomacia. Não suporto incompetência e falsidade. Pessoas que não são sérias tiram-me do sério. Se tivesse um super-poder gostava de ter a capacidade de corrigir injustiças. Gosto muito de animais e os maus-tratos mexem muito comigo porque são seres indefesos.
Gosto muito do Natal mas detesto o consumismo desta época. Para mim o Natal é juntar a família à mesa a conversar e a comer. Natal é sinónimo de comida. Sou muito pouco consumista nesta altura do ano. Adoro cozinhar. A minha especialidade é lasanha, que é o prato preferido do meu filho. Não costumo cumprir os desejos que faço para mim própria na Passagem de Ano (risos). Digo sempre que tenho que fazer dieta ou ir para o ginásio mas a correria do dia-a-dia impede-me de cumprir essas metas (risos). O mais importante é o bem-estar da família. Desejo a paz no mundo, como todos, mas é algo que não depende de mim. A minha viagem de sonho é conhecer Veneza. Adorei conhecer Paris e Barcelona.

“As pessoas querem comprar casa mas há falta de oferta”

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