O que a região de Loures-VFX merecia é que lhe tivesse sido dado a conhecer a solução aeroportuária HUB Alverca-Portela
É difícil entender como benefícios tão amplos e relevantes para os concelhos de Loures e VFX não foram até hoje dados a conhecer às respectivas populações. Ou objecto de debate para recolha de sugestões. Razões haverá, mas uma coisa é certa, não foi por falta da equipa de desenvolvimento do projecto não ter tentado.
É objectivo desde artigo dar a conhecer à região de Loures-Vila Franca de Xira em particular, os benefícios menos conhecidos da solução em referência, cuja amplitude vai até ao nível do país por envolver o HUB aéreo e o HUB ferroviário, com os seus impactos mais visíveis na faixa ribeirinha de Lisboa a VFX, com epicentro em Alverca. A solução HUB Alverca-Portela é global, integrando e harmonizando os desenvolvimentos aeroportuário, ferroviário, logístico com o urbano (reconversão e requalificação). Será uma revolução na mobilidade − ao nível do que de melhor se faz pelo mundo – , na competitividade e na qualidade de vida das populações.
O conceito-director: maximizar o aproveitamento do existente. O HUB Alverca - Portela será o primeiro «1 aeroporto-2 terminais». A fusão de dois aeroportos que passam a um só mediante interligação por comboio-automático dedicado (passageiros), o qual terá quatro “portas”: C. Grande - Portela - St. Iria - Alverca. Ao HUB aéreo em Alverca será acoplado o HUB ferroviário de interface dos comboios suburbanos (bitola ibérica) com os comboios de longa distância (bitola europeia), o qual integra uma ponte baixa com um tramo móvel para o atravessamento ferroviário do Tejo pela ligação AV Lisboa-Madrid.
A estação Alverca - aeroporto será o primeiro HUB ferroviário nacional: todas as ligações suburbanas, todas as regionais e todas as de longa distância pararão em Alverca. Será em Lisboa o equivalente à futura estação Chamartin em Madrid (que está a ser remodelada/ampliada), com a vantagem sobre esta última de, em Alverca, a estação estar encostada ao aeroporto. A paragem intermédia em Santa Iria é estratégica na estruturação funcional: a paragem do comboio-automático dará acesso directo aos dois núcleos aeroportuários. Será o parque-auto dissuasor/rent-a-car e centro de facilidades, podendo ainda incluir o apoio terrestre ao lago artificial mais à frente descrito.
Polinucleada reconversão - requalificação: abrange directamente os núcleos da Portela - matriz aeroportuária, o de Póvoa de Santa Iria - centro de serviços e o de Alverca - estação de última geração. Toda a área abrangida, de alguma forma, já é urbana e tem acesso à auto-estrada sem portagem para Lisboa.
A intervenção aérea - ferroviária rentabiliza a janela de oportunidade da migração dos parques de contentores para o pólo logístico Castanheira - Azambuja - Alenquer, zona que será servida pelo terminal fluvial de Castanheira, conectada ao porto marítimo por barcaças. Nada melhor que a agigantada reconversão que está a ser feita neste momento em Madrid envolvendo ferrovia e aeroporto, para ter uma melhor percepção do que estamos apenas a esboçar. É ir à internet e procurar por “Madrid, Nuevo Norte”, cujo desenvolvimento assenta na Estação de Chamartin e sua interligação ao aeroporto de Barajas, e procurar por Valdebebas, urbanização adjacente ao aeroporto de Barajas. A escala de Madrid é evidentemente maior mas os conceitos - base são similares.
Upgrade de acesso ciclístico e pedonal à margem sul: está previsto um passadiço lateral na ponte ferroviária móvel. Deste modo, o percurso dedicado desde VFX até Lisboa, doravante já com a nova ponte sobre o rio Trancão, poderá ter uma bifurcação para acesso de passeio à margem sul. Contrapartida de lago artificial/pista de remo e canoagem: em Póvoa de Santa Iria, a jusante do local onde a A30 inflete para a A1, é possível (e fácil) implantar um lago artificial/pista de remo e canoagem de 2.200m X 125m (a cala tem de largura à volta de 250m) para uso de toda a AML. Suprime uma carência e potencia a reconversão do devoluto parque de contentores da Bobadela. Estes são apenas os benefícios que serão mais percepcionados pelo seu impacto visual e directo. Muitos mais haverá, muitos deles discretos, outros indirectos, no seu conjunto mais importantes por se refletirem em novos empregos e requalificação e/ou melhoria dos existentes.
É difícil entender como benefícios tão amplos e relevantes para os concelhos de Loures e VFX não foram até hoje dados a conhecer às respectivas populações. Ou objecto de debate para recolha de sugestões. Razões haverá, mas uma coisa é certa, não foi por falta da equipa de desenvolvimento do projecto não ter tentado.
*José Furtado é engenheiro, faz parte da equipa que propõe como solução para o futuro Aeroporto Internacional de Lisboa a solução Alverca.