Presidente de Castanheira e Cachoeiras bate com a porta devido à falta de meios
Mário Baptista, que se tem mantido como bombeiro voluntário, fala de 22 meses de muito trabalho que passou mais por ser assistente operacional do que presidente da Junta da Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras, queixando-se ainda de ter sido enxovalhado por alguns moradores. É o segundo autarca do PS a renunciar neste mandato.
A falta de gente disponível para trabalhar na Junta da Castanheira do Ribatejo e Cachoeiras causou um desgaste elevado no presidente da autarquia, Mário Baptista, que agora renunciou ao cargo, com efeitos a partir de 5 de Setembro. O autarca invocou motivos de ordem pessoal e a decisão já foi comunicada ao presidente da assembleia de freguesia, Mário Nuno Duarte, que terá de agendar na próxima assembleia a eleição de um novo vogal para o executivo para colmatar a vaga agora deixada em aberto. De acordo com a lei, as funções de presidente de junta passarão a ser assumidas pela secretária do executivo, Florinda Roque.
A O MIRANTE, o autarca explica que dedicou 22 meses de muito trabalho à junta e que o cansaço e falta de tempo para a família acabaram por ditar a decisão. “Fui mais assistente operacional do que presidente devido à falta de pessoal. Tive de fazer muito trabalho de rua, incluindo limpezas, por isso nunca consegui ser presidente”, explica o autarca. Essa situação, aliada a alguma oposição interna que começava a sentir no executivo na tomada de decisões, levou-o a renunciar. “Foi uma experiência boa, muito desafiante, onde realizei diversas tarefas. Mas a dificuldade em contratar trabalhadores é muito grande. Tivemos até um concurso para assistentes operacionais que ficou deserto”, lamenta.
O autarca demissionário confessa também não ter estômago para, depois de dedicar tanto tempo à freguesia, “ainda ser enxovalhado na rua” por alguns moradores. Por isso, diz, a saída é a solução, consciente de ter saído de cabeça erguida e com espírito de missão cumprida. Mário Baptista, de 43 anos, tem três filhos e foi cabeça-de-lista do PS nas autárquicas de 2021 com uma vitória surpresa de 31,79% dos votos, contra 28,54% do independente Luís Almeida (ex-CDU) e da própria CDU, que foi a terceira força mais votada, com 21,07% dos votos.
Este foi o segundo presidente de junta do PS a renunciar ao cargo este ano depois de em Fevereiro também João Santos, então presidente da Junta de Vila Franca de Xira, ter renunciado ao cargo devido a uma polémica envolvendo a acumulação do vencimento de presidente de junta com o de professor universitário.